Angioplastia ou tratamento médico em pacientes com isquemia documentada

Título original: Percutaneous coronary intervention outcomes in patients with stable obstructive coronary artery disease and myocardial ischemia: A collaborative meta-analysis of contemporary randomized clinical trials. Referência: Stergiopoulos K el al. JAMA Intern Med 2013; DOI:10.1001/jamainternmed.2013

O montante de isquêmico em pacientes com doença coronariana estável está associado a pior prognóstico. No entanto, não está claro se a revascularização para reduzir esse montante isquêmico reduz também os eventos comparado com o tratamento médico

Esta meta análise incluiu os principais trabalhos que randomizaram pacientes com doença coronariana estável e isquemia demonstrada a revascularização ou tratamento médico (MASS II, COURAGE, BARI 2D, FAME 2, etc). No total foram analisados 4064 pacientes, todos eles com isquemia documentada por ergometria, câmara gamma, eco stress ou reserva fracionada de fluxo. 

Os desfechos incluídos na analise foram morte de qualquer causa , infarto não fatal, revascularização de urgência e angina. Com uma média de seguimento de 5 anos foi observada uma taxa de mortalidade por qualquer causa no grupo que recebeu revascularização por angioplastia vs o que recebeu somente tratamento médico de 6.5%  7.3% respectivamente (OR 0.90 IC 95% 0.71 a 1.16; p= ns), infarto não fatal 9.2% e 7.6% (OR 1.24 IC 95% 0.99 a 1.56; p=ns), revascularização de urgência 18.3% e 28.4% (OR 0.64, IC 95% 0.35 a 1.17) e angina 20.3% e 23.3%(OR 0.91, CI 95% 0.57 a 1.44). 

Conclusão: 

Em pacientes com doença coronariana estável e isquemia documentada a revascularização percutânea no parece reduzir eventos comparado com o tratamento médico somente. 

Comentário editorial 

Este trabalho, como todas as meta análises, carrega as limitações dos estudos nos quais foi baseado. Por exemplo, a isquemia estava documentada em todos os pacientes mas como uma variável binária. Se sabemos que a maior isquemia maior mortalidade, por que não esperar também um benefício diferente com a  revascularização de acordo com o montante. 

O mesmo deveria ser considerado para os sintomas, a pior classe funcional maior deveria ser o alívio com a revascularização. Finalmente deveria se levar em consideração a localização do território isquêmico que sim é levado em conta na prática diária mas que tem sido difícil de diferenciar nos trabalhos. Tal vez algumas de estas perguntas possam ser respondidas pelos 8000 pacientes que se planejou incluir no trabalho ISCHEMIA. 

SOLACI.ORG

Mais artigos deste autor

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Perfurações coronarianas e o uso de stents recobertos: uma estratégia segura e eficaz a longo prazo?

As perfurações coronarianas continuam sendo uma das complicações mais graves do intervencionismo coronariano (PCI), especialmente nos casos de rupturas tipo Ellis III. Diante dessas...

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

COILSEAL: Utilização de coils na angioplastia coronariana: uma ferramenta de valor nas complicações?

A utilização de coils como ferramenta de oclusão vascular tem experimentado uma expansão progressiva, partindo de seu uso tradicional em neurorradiologia até incorporar-se ao...

Tratamento da reestenose intrastent em vasos pequenos com balões recobertos de paclitaxel

A doença arterial coronariana (DAC) em vasos epicárdicos de menor calibre se apresenta em 30% a 67% dos pacientes submetidos a intervenção coronariana percutânea...

Desafios contemporâneos na oclusão do apêndice atrial esquerdo: enfoque atualizado sobre a embolização do dispositivo

Embora a oclusão percutânea do apêndice atrial esquerdo seja, em geral, um procedimento seguro, a embolização do dispositivo – com uma incidência global de...