O FFR muda a estratégia de tratamento em quase a metade dos pacientes

Título original: Outcome impact of coronary revascularization strategy reclassification with fractional flow reserve at time of diagnostic angiography. Referência: Van Belle E et al. Circulation. 2014 Jan 14;129(2):173-85.

Ainda não tinha sido publicado um registro extenso que avaliasse o impacto da reserva fracionada de fluxo coronário (FFR) para mudar a estratégia de revascularização em pacientes individuais referidos para coronariografia diagnóstica.

Este registro Francês incluiu 1075 pacientes consecutivos nos quais foi realizada coronariografia diagnóstica. Foi pedido aos investigadores que em forma prospectiva definissem a estratégia de tratamento de acordo à angiografia antes da realização do FFR. A estratégia final de tratamento com a informação do FFR bem como o seguimento clínico até um ano também foi recopilada em forma prospectiva.

A maioria dos pacientes encontravam-se estáveis (80%), no entanto o resto tinha o antecedente de um infarto com supradesnivelamento do segmento ST (3%) ou infarto sem supradesnivelamento (17%) dentro dos 15 dias anteriores. 

A estratégia a priori baseada na angiografia foi: tratamento médico em 55% da população e revascularização no 45% restante (deles, 38% angioplastia coronária e 7% cirurgia). 

Logo de realizar o FFR, 1028 pacientes de 1075 (95.7%) foram tratados levando em conta o resultado do mesmo. A estratégia utilizada levando em conta esta informação foi tratamento médico em 58% da população e revascularização em 42% (angioplastia em 32%  cirugía em 10%). 

A estratégia a priori foi modificada com a informação do FFR em 43% dos pacientes, especificamente em 33% das vezes que a priori tinha sido decidido o tratamento médico, em 56% das vezes que a priori foi angioplastia e em 51% das vezes que a priori foi cirugía.

Nos 464 pacientes reclassificados com a informação do FFR os eventos cardíacos maiores a um ano resultaram em 11.2% vs 11.9% (p=0.78) em aqueles que não necessitaram ser reclassificados (ou seja, naqueles nos que a estratégia inicial continuou sendo a mesma logo de contar com o FFR).

Conclusão:

Este estudo mostra que realizar a medição  da reserva fracionada de fluxo coronário durante e estudo diagnóstico reclassifica a estratégia de revascularização em quase a metade dos pacientes. Demonstra também que é seguro mudar a decisão sugerida pela angiografia convencional.

Comentário editorial 

Um detalhe para esclarecer é que foram investigados uma média de 1.32 ± 0.66 lesões por paciente con FFR (nem todas as lesões, nem todos os vasos)o que confirma que nossa estimação visual na angiografia convencional continua tendo valor. Ao contrário de outros trabalhos que utilizaram FFR (incluído o FAME, em quase todos os pacientes (99.2%) utilizou-se adenosina em bolo intra coronário ao invés de uma infusão endovenosa por veia central.

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