A proteína C reativa elevada poderia predizer futuros eventos relacionados a lesões não culpadas. Sub análise do estudo PROSPECT.

Título original: Relation of C-reactive protein levels to instability of untreated vulnerable coronary plaques (from the PROSPECT study). Referência: Kelly CR et al. Am J Cardiol. 2014;Epub ahead of print.

O estudo PROSPECT original incluiu 697 pacientes cursando uma síndrome coronária aguda nos quais  foi realizada angioplastia na artéria culpada y ultrassonografia intravascular no restante dos vasos. Em 3-4 anos de seguimento, a taxa de eventos combinados (morte, infarto ou re hospitalização por angina instável) foi atribuída na mesma magnitude a recorrências no vaso culpado (12.9%) como a progressão em lesões não culpadas (12.6%). A maioria das placas não culpadas que posteriormente foram motivo de eventos apresentaram por IVUS um cap fino, um grande volume de placa (≥70%), uma área luminal mínima ≤ 4 mm2 ou combinação destas características. 

Para esta sub análise foram incluídos os pacientes que tinham disponível medições de proteína C reativa (n=571) basais, ao mês e aos 6 meses considerando como valor normal a < 3mg/l, elevado a 3-10 mg/l e muito elevado a > 10 mg/l.

Os valores de proteína C reativa (PCR) não foram associados com o uso de aspirina, estatinas ou qualquer outra medicação nem com o número de lesões não culpadas presentes.

Para os pacientes com valores aumentados de PCR basais ou ao mês, a taxa de lesões não culpadas que produziram eventos não variou significativamente. Sem embargo, para aqueles que tinham um valor normal basal e aos 6 meses, este aumentou a elevado ou muito elevado observou-se sim uma correlação  com a taxa de eventos relacionados às lesões não culpadas tanto aquelas com cap fino (PCR normal 1.9% de eventos, elevada 4.2% e muito elevada 13.8%; p=0.002) como às lesões não culpadas com área luminal mínima ≤4% (PCR normal 2.2%, elevada 8.3% e muito elevada 15.6%; p=0.0003).

A correlação com os eventos não resultou significativa para as lesões com grande volume de placa ou para aquelas que não apresentavam nenhuma característica de risco.

Na análise multivariada, o único preditor de que uma placa não culpada apresentaria eventos no futuro foi o valor de PCR (HR 1.02; IC 95% 1.01-1.03; P =0.0005).

Conclusão

Em pacientes cursando uma síndrome coronária aguda que recebem uma angioplastia bem sucedida ao vaso culpado, a chance de apresentar eventos adversos relacionados a lesões não culpadas parece estar associado tanto à presença de placas de alto risco como à persistência de níveis elevados de Proteína C reativa.

Comentário editorial

A relação observada entre proteína C reativa e lesões não culpadas são consistentes com a mudança de paradigma de “placa vulnerável” a “paciente vulnerável”.

O que não está claro é se estes níveis elevados de proteína C reativa são a manifestação sistémica de um problema sistémico (inflamação crônica) ou a manifestação sistémica de um problema local (placa vulnerável). Parece más obvio que não é suficiente ter uma placa com características perigosas (p.ex. com cap fino) senão que outros fatores devem estar presentes para terminar em um evento.

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