Título Original: Use of clopidogrel with or without aspirin in patients taking oral anticoagulant therapy and undergoing percutaneous coronary intervention: an open-label, randomised, controlled trial Referência: Dewilde WJ et al. Lancet. 2013 Mar 30;381(9872):1107-15
A pergunta a responder era simples, relevante, e de apresentação cada vez mais frequente na prática cotidiana: o que fazer quando um paciente que está anticoagulado tem que se submeter a uma angioplastia? Deve ser medicado com dupla ou tripla antiagregação junto com a anticoagulação? Os investigadores deste ensaio holandês, de desenho aberto, aleatorizado e controlado, randomizaram aos 573 pacientes em dois grupos: terapia dupla antiagregante de AAS mais clopidogrel versus clopidogrel solo, com ambas ramas recebendo warfarina, obviamente.
Os resultados mostraram que tirar a aspirina do esquema terapêutico diminui o risco de sangramento, e não aumenta o risco de fenómenos trombóticos. O sangramento total reduziu-se em forma muito considerável (HR 0,36, ou seja uma diminuição de 64%), e embora isto foi a predomínio dos sangramentos menores, o sangramento maior também mostrou uma tendência similar, com valores de HR parecidos (HR 0,56 sangramento maior TIMI; HR 0,40 sangramento severo GUSTO), o que indica que embora a diferença em hemorragias maiores nã atingiu significação estatística devido ao tamanho da amostra, a tendência era na mesma direção e de similar magnitude. Com relação aos fenómenos trombóticos, a pesar de que não foi constatado um aumento de ditos casos com a ausência de aspirina, o estudo é pequeno e não tem o poder estatístico suficiente como para poder fazer esta asseveração com segurança, estes resultados deverão ser confirmados com outros estudos. Em particular, não é possível saber se tirar a aspirina do meio, não irá produzir maiores casos de trombose do stent, um fenômeno pouco frequente mas catastrófico. Outras perguntas interessantes: Os resultados seriam os mesmos com as novas drogas anticoagulantes e antiagregantes? O que teria mostrado um terceiro grupo com aspirina mais anticoagulação, mas sem clopidogrel?
Tem se considerado que este ensaio poderia ser o “primeiro prego no caixão” da aspirina, porque tal vez já não seja necessário considerá-la indispensável em todos os futuros estudos com antitrombóticos em pacientes coronários. Pacientes de alto risco hemorrágico, pacientes anticoagulados e indivíduos em estudos com novas drogas antitrombóticas, em certos cenários clínicos, poderiam ser tratados (e tal vez seja conveniente fazê-lo assim) sem aspirina.
Por gentileza do Dr. Alejandro Lakowsky
MTSAC.
Dr. Alejandro Lakowsky para SOLACI.ORG