A Society for Cardiovascular Angiography and Interventions (SCAI) lançou um consenso de especialistas que proporciona orientação no tratamento de pacientes com doenças cardiovasculares e câncer concomitante a cardiologistas, oncologistas e especialistas em medicina interna. O documento, publicado em inglês sob o título “SCAI Expert Consensus Statement: Evaluation, Management, and Special Considerations of Cardio-Oncology Patients in the Cardiac Catherization Laboratory”, foi lançado no Catheterization and Cardiovascular Interventions (CCI) e conta com o aval da Sociedade Latino-Americana de Cardiologia Intervencionista (SOLACI) e da Sociedade Indiana de Cardiologia (CSI).
Os avanços nas terapias contra o câncer têm provocado uma diminuição constante da mortalidade desde a década de 90. Segundo o Centro para a Prevenção e Controle de Enfermidades, há aproximadamente 14,5 milhões de sobreviventes ao câncer nos Estados Unidos, e este número poderia chegar a 20 milhões em 2020. Em virtude dessa tendência, a necessidade de avaliação e manejo invasivo no laboratório de cateterismo cardíaco para estes pacientes também tem aumentado.
“Existem poucos dados devido ao fato de os pacientes com câncer terem sido excluídos dos registros nacionais de intervenções percutâneas coronárias (PCI) e da maioria dos estudos relacionados com PCI”, afirma o Dr. Cezar A. Iliescu, autor principal do documento e diretor do Laboratório de Cateterismo Cardíaco no Anderson Cancer Center de Houston, Texas. “Portanto, a SCAI conformou um grupo de consenso para definir o panorama e proporcionar recomendações baseadas tanto na literatura médica disponível quanto nos conhecimentos de operadores com experiência em cateterismo cardíaco de pacientes com câncer”.
O câncer se associa com um estado de hipercoagulabilidade que aumenta o risco de eventos trombóticos agudos. Terapias contra o câncer podem causar lesões significativas na vasculatura, dando lugar à angina de peito, síndromes coronárias agudas, arritmias e insuficiência cardíaca.
O trabalho destaca a revisão dos mecanismos de toxicidade vascular em pacientes com câncer (radiação ou quimioterapia induzida), e abrange outros aspectos do cuidado cardiovascular, como a detecção e proteção cardiovascular, assim como a PCI em pacientes com trombocitopenia e anemia, ecografia intravascular e a tomografia de coerência ótica para a avaliação intravascular complexa, entre outros. O documento também inclui os procedimentos de intervenção não coronários em pacientes com câncer, como a biópsia endomiocárdica e pericardiocentese, valvulopatia aórtica e implante de válvula aórtica transcatéter (TAVI).
Espera-se que a Cardio-oncologia continue seu desenvolvimento nos próximos anos. Várias instituições de saúde fundaram departamentos de onco-cardiologia / cardio-oncologia, juntamente com programas de formação orientados à subespecialidade em cardiologia.
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