A Bivalirudina poderia ser benéfica na angioplastia periférica

Título original: Bivalirudin Is Associated With Improved In-Hospital Outcomes Compared whit Heparin in Percutaneous Vascular Intervention. Observational, Propensity –Matched Analysis From the Premier Hospital Database. Referencia: Carey Kimmeslstiel, et al. Circ Cardiovasc Interv. 2016 Jan;9(1).

Gentileza do Dr. Carlos Fava

A angioplastia de membros inferiores está em franca ascensão e, neste contexto, o sangramento é uma das complicações mais frequentes. Uma alternativa é a utilização de bivalirudina como anticoagulante, embora não se disponha, na atualidade, de muita informação a respeito do tema.

Este é um estudo retrospectivo observacional da base de dados do Premier Hospital (> 600 hospitais nos Estados Unidos), no qual foram incluídos 33.558 pacientes que receberam angioplastia de membros inferiores e bivalirudina ou heparina não fracionada como anticoagulante no procedimento.

O desfecho primário combinado incluiu morte, infarto do miocárdio, necessidade de transfusão, AVC e amputação. O desfecho secundário se constituiu nos eventos clínicos adversos assim definidos.

Na população geral, os que receberam bivalirudina apresentaram maior idade, mais frequentemente eram homens, hipertensos, diabéticos e obesos. Por outro lado, os que receberam heparina apresentaram mais anemia, insuficiência cardíaca e isquemia crítica de membros inferiores.

Com o fim de homogeneizá-los, realizou-se um Propensity Score Matching, ficando 3.649 pacientes em cada grupo.

A bivalirudina se associou a uma redução da taxa de eventos hospitalares como mortalidade (OR 0,40; p = 0,017) e necessidade de transfusão (OR, 0,74 p = 0,009), assim como também reduziu a taxa de eventos adversos cardiovasculares (OR, 0,64; p = 0,003) e eventos clínicos adversos assim definidos (OR, 0,74 p =/< 0,001).

Esta diferença foi mantida em todos os subgrupos.

Na análise multivariada, a bivalirudina se associou a uma redução do desfecho combinado, a uma redução da mortalidade, das transfusões e das amputações.

No grupo que recebeu inibidores de glicoproteínas de resgate, também se observou uma redução significativa de eventos com o uso da bivalirudina.

Conclusão
Em pacientes que recebem angioplastia periférica, a anticoagulação com bivalirudina poderia se associar a uma redução de eventos adversos quando comparada com a heparina não fracionada. Estas observações requerem confirmação em estudos controlados randomizados.

Comentário editorial
Esta análise apresenta certas limitações. Contudo, deve-se enfatizar sua utilidade, já que se trata do maior estudo realizado que mostra benefícios importantes no campo da angioplastia periférica. A necessidade de utilização de glicoproteínas não quita seu efeito benéfico. Para confirmá-lo, são necessários estudos randomizados que demonstrem o real benefício levando em conta seu custo.

Gentileza do Dr. Carlos Fava
Cardiologista Intervencionista
Fundación Favaloro – Buenos Aires.

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