Segurança da pós-dilatação agressiva de plataformas bioabsorvíveis

Título original: Is High Pressure Postdilation Safe in Bioresorbable Vascular Scaffolds? Optical Coherence Tomography Observations After Noncompliant Balloons Inflated at More than 24 Atmospheres.
Referência: Enrico Fabris et al. Catheter Cardiovasc Interv. 2016 Apr;87(5):839-46.

Gentileza do Dr. José Amadeo Guillermo Álvarez.

 

As propriedades mecânicas das plataformas bioabsorvíveis são diferentes das dos stents metálicos; a pós-dilatação agressiva está desaconselhada pelo risco de rompimento do dispositivo. No entanto, uma taxa de trombose algo maior do que a dos stents metálicos de nova geração sugere que, além da correta preparação da placa, será necessário algum tipo de pós-dilatação para alcançar a correta aposição dos “struts” e otimizar a geometria.

Na presente publicação são analisadas as imagens de tomografia de coerência ótica (OCT) de 22 plataformas bioabsorvíveis Absorb (Abbott Vascular, Santa Clara, Califórnia) colocadas em 20 lesões de 16 pacientes que receberam pós-dilatação com balões não complacentes a 28 ± 3,8 atm (intervalo 24 a 40 atm), com uma relação de diâmetros balão de pós-dilatação/plataforma de 1,02 ± 0,11. Em 41% dos casos foram utilizados balões de muito alta pressão OPN NC (SIS Medical AG, Winterthur, Suíça) a pressões máximas de 30 ± 4,7 atm.

As lesões tratadas foram mais complexas que as habituais para esse tipo de plataformas: 35% tinham calcificação moderada a severa (por angiografia), 20% envolviam bifurcações e 55% eram tipo C da classificação ACC/AHA.

Na avaliação final não foram observadas fraturas das plataformas, uma área de estenose residual (RAS) baixa (16 ± 9,6%) com uma área luminal mínima (OCT) de 5,5 ± 1,4 mm2 e só um caso com dissecção de borda (4,5%) que não requereu outra intervenção.

 

Conclusão

Em um contexto de lesões mais complexas, a pós-dilatação de plataformas bioabsorvíveis Absorb com balões de muito baixa complacência e a alta pressão, mantendo a adequada relação entre diâmetros da plataforma e do balão, é segura, já que não foram observadas fraturas dos dispositivos, e é eficaz no que diz respeito ao alcance de parâmetros de expansão e aposição que se comparam favoravelmente com os obtidos em estudos realizados sobre lesões menos complexas.

 

Comentário editorial

A técnica de pós-dilatação a alta pressão diminuiu drasticamente a taxa de trombose subaguda dos stents metálicos. No entanto, existem ressalvas no que se refere à repetição de dita técnica nas plataformas bioabsorvíveis, especialmente pela possibilidade de ruptura da estrutura. Este é o primeiro estudo no qual se avalia ao vivo e com OCT a integridade das plataformas bioabsorvíveis Absorb depois de pós-dilatação com alta pressão.

As lesões avaliadas foram mais complexas que o habitual para esses dispositivos e as pressões utilizadas foram muito elevadas, com uma alta porcentagem de uso de balões de muito baixa complacência.

Os resultados mostram integridade da estrutura e bons parâmetros de aposição e área, motivo pelo qual, embora seja necessário ampliar a casuística e acompanhá-la de seguimento clínico, em lesões mais complexas e com adequada relação de diâmetros, a pós-dilatação poderia contribuir para melhorar os resultados obtidos com esse tipo de plataformas.

 

Gentileza do Dr. José Amadeo Guillermo Álvarez.
Chefe de Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista dos Hospitais Alemão e Britânico de Buenos Aires, Argentina.

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