Título original: Hemodynamic Assessment of Aortic Regurgitation After Transcatheter Aortic Valve Replacement – The Diastolic Pressure-Time Index.
Referência: Robert Höllriegel et al. JACC Cardiovasc Interv. 2016 Apr 16.
Gentileza do Dr. Agustín Vecchia.
Em 2012, Sinning e colaboradores apresentaram um estudo no “Journal of the American College of Cardiology” acerca de um índice para avaliar hemodinamicamente a magnitude da insuficiência aórtica (IAo) pós substituição percutânea da valva aórtica (TAVR) e a capacidade deste cálculo para produzir prognóstico. O cálculo utilizado naquele estudo era o seguinte: diferença entre pressão diastólica aórtica e pressão de fim de diástole do ventrículo esquerdo sobre pressão sistólica [ (PD – PFDVE) / PS] x 100.
No trabalho publicado por Höllriegel e colaboradores os autores sugerem que o índice utilizado por Sinning está afetado pelo fato de, devido à HVI acompanhar quase invariavelmente estes pacientes, a PFDVE estar habitualmente elevada, o que resulta em um índice baixo em ausência de regurgitação significativa.
Com base no anteriormente dito, eles propõem um novo índice utilizando a área sob a curva de pressão tempo/aorta – V. Esquerdo.
No presente estudo foram incluídos 362 pacientes submetidos a TAVR transfemoral (Corevalve ou Sapien) em um único centro. Para o cálculo do índice diastólico pressão-tempo (iDPT) foram utilizadas curvas de pressão aórtica e ventricular obtidas nos primeiros 5 minutos após a colocação da válvula. Assim, a área entre as curvas pressão/tempo de aorta e ventrículo esquerdo foi dividida pela duração da diástole e ajustada à tensão arterial sistólica [DPT index adj = (DPT index/systolic blood presure) x 100].
Os pacientes com IAo não relevante (isto é, grau < 2) tiveram iDPT ajustado mais alto (30,7 ± 6,8) que aqueles com IAo relevante (isto é, grau ≥ 2) que mostraram um iDPT mais baixo (26,2 ± 5,8; p < 0,05). Os pacientes com um iDPT ajustado ≤ 27,9 tiveram uma mortalidade no seguimento de um ano significativamente maior que aqueles com valores > 27,9 (41,4% vs. 13,5%; HR: 3,8; IC 95% IC 2,4 a 5,9; p < 0,001). Na análise multivariada o iDPT ajustado foi o preditor independente mais importante de mortalidade dentro do primeiro ano (hazard ratio: 2,5; 95% IC: 1,8 a 3,7; p < 0,001).
Comentário editorial
Höllriegel e colaboradores propõem no seguinte trabalho um novo índice incorporando à área sob a curva diferencial de pressão diastólica/pressão ventricular esquerda, sugerindo que o mesmo parece ter melhor valor preditivo que outros índices como o publicado originalmente por Sinning. O fato de que pela hipertrofia ventricular esquerda muitos pacientes com regurgitação pós TAVR leve tenha elevação da PFDVE leva, segundo estes autores, a uma superestimação da regurgitação indicada pelo índice original de Sinning, o que fez com que não fosse preditivo de mortalidade no primeiro ano de seguimento na análise deste trabalho, fato que contrastou com o valor preditivo do novo índice proposto, que seria menos dependente da PFDVE e independente da frequência cardíaca, refletindo o estado hemodinâmico durante toda a diástole e não somente no final da mesma.
Embora o fundamento teórico e a validação nesses pacientes pareçam dar a razão aos autores, é verdade também que seu cálculo é mais complexo que o índice proposto por Sinning, o que deve ser levado em consideração no trabalho do dia a dia.
Gentileza do Dr. Agustín Vecchia. Hospital Alemán, Buenos Aires, Argentina.