Um centro que realizou um seguimento de médio e longo prazos de sua experiência com as plataformas bioabsorvíveis eluidoras de everolimus (Absorb) observou que este novo dispositivo tem uma taxa aceitável de eventos cardiovasculares maiores, comparável à dos stents farmacológicos de 2º geração.
Ademais, não foram reportados casos de trombose precoce apesar de a população estudada apresentar complexidade e não ser selecionada.
Este trabalho analisou 249 pacientes incluídos como parte do registro BVS Expand, do qual só foram excluídos 5 pacientes por não ter sido possível realizar o implante do dispositivo nos mesmos.
No final do primeiro ano de seguimento, a combinação de morte cardíaca, infarto agudo do miocárdio e revascularização da lesão alvo (MACE) ocorreu em 5,1% da população.
Utilizando uma estimativa de Kaplan-Meier, a taxa de MACE em 18 meses foi de 6,8%, conduzida fundamentalmente pelos infartos.
Ao considerar separadamente os componentes do MACE, observou-se uma taxa de morte de 1,8%, uma taxa de infarto de 5,2% e uma taxa de revascularização de lesão de 4%.
A taxa de trombose definitiva em 18 meses foi de 1,9%, sendo que não foram observados casos de trombose aguda, subaguda ou muito tardia.
A análise univariada não teve o suficiente poder estatístico para mostrar preditores significativos de trombose, porém algumas variáveis como a idade, lesões longas e calcificadas e os vasos finos (diâmetro de referência < 2,5 mm) revelaram uma tendência.
Estes achados respaldariam o uso de Absorb em anatomias complexas, mas é necessário levar em consideração que em 39% dos pacientes se utilizou ultrassonografia intravascular (IVUS) e tomografia de coerência ótica (OCT) para otimizar o implante do dispositivo.
Conclusão
A plataforma bioabsorvível eluidora de everolimus (Absorb) mostrou um desempenho aceitável considerando-se períodos longos, mesmo sendo avaliada em uma população com lesões complexas. Não foram observados casos de trombose aguda ou subaguda.
Comentário editorial
Há vários trabalhos prévios que nos advertem sobre a necessidade de um protocolo de implante meticuloso para estes novos dispositivos.
Neste trabalho, a estratégia sempre incluiu pré-dilatação, implante de um dispositivo do mesmo diâmetro que o vaso de referência e pós-dilatação. Também estava recomendado evitar vasos pequenos e lesões ostiais. Com todas estas precauções é possível reduzir significativamente a taxa de trombose da plataforma de aproximadamente 3% para aproximadamente 1% em um ano.
É esperável que as vantagens únicas de uma plataforma bioabsorvível apareçam quando o dispositivo tiver sido completamente reabsorvido e para isso seria necessário estabelecer um seguimento de pelo menos 36 meses.
Título original: Mid- to long-term clinical outcomes of patients treated with the everolimus-eluting bioresorbable vascular scaffold: the BVS Expand registry.
Referência: Felix CM et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2016; Epub ahead of print.
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