Aspirar contraste do seio coronariano como medida de nefroproteção: sim ou não?

Aspirar contraste do seio coronariano como medida de nefroproteçãoA incidência de nefropatia induzida por contraste está diretamente relacionada com o volume de contraste administrado. O objetivo deste trabalho foi avaliar a segurança e a eficácia de aspirar o contraste do seio coronariano imediatamente após a angiografia como medida para reduzir o volume de contraste que chega aos rins.

 

Foram incluídos 43 pacientes com diagnóstico de diabete e nefropatia (creatinina entre 1,5 e 3 mg/dL) que foram candidatos a serem submetidos a uma cinecoronariografia.

 

Foi feita aspiração de contraste do seio coronariano em 18 pacientes dos 43 e o resto serviu de grupo controle. Foram tomadas todas as precauções de nefroproteção padrão.

 

Para aspirar o contraste do seio coronariano foi utilizada uma bainha como as que se utilizam para um cateterismo transeptal por acesso femoral ou subclávio em 8 pacientes e nos outros 10 utilizou-se um balão oclusor para aspirar simultaneamente durante a angiografia.

 

O volume de contraste aspirado foi estimado com base na redução do hematócrito do aspirado (diluído pelo contraste) e do hematócrito basal do paciente. A fração de contraste aspirado foi calculada dividindo o estimado de contraste aspirado sobre o contraste injetado e multiplicando o resultado por 100.

 

Tanto o grupo que recebeu aspiração do seio coronariano quanto o grupo controle eram similares quanto a suas características clínicas e de laboratório, assim como no que se refere ao volume de contraste administrado.

 

No grupo ativo, a fração de contraste aspirado foi de 39,35 ± 10,47%. Apenas um paciente do grupo aspiração do seio coronariano vs. 9 pacientes do grupo controle apresentou nefropatia por contraste (p = 0,028).

 

Conclusão

A aspiração de contraste do seio coronariano durante a angiografia pode efetivamente remover até um terço do contraste administrado, podendo reduzir a taxa de nefropatia em pacientes selecionados.

 

Comentário editorial

Esta manobra que parece simples quando lemos o trabalho do Dr. Diab, despertou na maioria de nós a ideia de “como não pensamos nisso antes?”.

 

O trabalho não relata complicações importantes e a redução da taxa de nefropatia é significativa, embora ainda deva ser confirmada por um estudo de maior magnitude.

 

Título original: Efficacy and Safety of Coronary Sinus Aspiration During Coronary Angiography to Attenuate the Risk of Contrast-Induced Acute Kidney Injury in Predisposed Patients.

Referência: Osama Ali Diab et al. Circ Cardiovasc Interv. 2017 Jan;10(1):e004348.


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