A Evolut R, assim como sua predecessora CoreValve, é uma válvula autoexpansível, supra-anular, de pericárdio porcino em um stent de nitinol. Entre as melhoras dessa válvula podem-se enumerar seu melhor perfil e a possibilidade de reembainhá-la. Isso a torna completamente reposicionável e inclusive recapturável.
Faltava constatar se ditas vantagens técnicas se traduziriam em vantagens clínicas (o que é, em última instância, o que importa) em uma população grande de pacientes do mundo real.
O estudo FORWARD (CoreValve Evolut R FORWARD) é um registro prospectivo que incluiu 1.038 pacientes de 53 centros e quatro continentes.
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Os pacientes tiveram uma idade média de 81,8 ± 6,2 anos e um STS de 5,5 ± 4,5%, o que constitui um risco intermediário e coincide com a tendência atual da prática clínica.
O reposicionamento da válvula se deu em 25,8% dos pacientes, característica que permitiu o implante de uma só válvula no lugar correto em 98,9% dos casos.
Em 30 dias a mortalidade foi de 1,9% e o AVC incapacitante foi de 1,8%.
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Somente 1,9% dos pacientes apresentou insuficiência aórtica moderada a severa; a taxa de marca-passo definitivo foi de 17,5%. Ambos os dados estão abaixo do que mostrou o estudo SURTAVI com a CoreValve em uma população de similares características (3,4% e 25,9% respectivamente) e a melhora pode ser atribuída à possibilidade de reposicionar o dispositivo.
Conclusão
A nova geração da válvula autoexpansível é segura e efetiva em pacientes com estenose aórtica severa não selecionados do mundo real.
Comentário editorial
A mortalidade por qualquer causa de 1,9% está claramente abaixo dos 5,5% esperados se tomarmos como referência o escore de STS. Por outro lado, está em sintonia com a taxa de 1,1% descrita no registro que testou a última geração da válvula balão expansível SAPIEN 3 em uma população similar.
98% dos pacientes foram tratados por acesso femoral, o que também é a tendência mundial graças à significativa diminuição do perfil dos dispositivos.
Felizmente, a grande maioria das melhoras técnicas que os novos dispositivos incorporaram (tanto o que aqui estamos abordando como a concorrência) se traduziram em melhoras clínicas para os pacientes, conseguindo reduzir a insuficiência paravalvar, a taxa de necessidade de marca-passo e as complicações vasculares.
Título original: Clinical Outcomes With a Repositionable Self-Expanding Transcatheter Aortic Valve Prosthesis. The International FORWARD Study.
Referência: Eberhard Grube et al. J Am Coll Cardiol 2017;70:845–53.
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