Inesperado achado em diabetes e perviedade dos bypass

Uma taxa mais elevada de reestenose na população diabética é algo histórico e já foi reproduzida por todos os estudos e com todos os tipos de stents. No entanto, foi a partir do estudo FREEDOM que conhecemos a maior mortalidade e uma taxa de infarto da angioplastia mais elevada em comparação com a cirurgia. Isso fez com que atualmente 50% dos pacientes que são submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica sejam diabéticos.

Sorpresivo hallazgo en diabetes y permeabilidad de los bypass

Para além do anteriormente afirmado, não se conhece a influência da diabetes sobre a perviedade das pontes a longo prazo, embora seja lógico pensar em um aumento da taxa de revascularização.

 

A fim de dilucidar essa questão, analisaram-se 57.961 pacientes que foram submetidos a cirurgia de revascularização miocárdica, dos quais 15.887 tinham uma angiografia pós-cirúrgica. As estenoses foram quantificadas em 7.903 pontes de artéria mamária e em 20.066 pontes de veia safena.


Leia também: SOLACI CACI 2017 | PCI vs CABG in Diabetics – Has the Scale Changed?”


As pontes de artéria mamária apresentaram uma perviedade estável ao longo do tempo, tanto em pacientes diabéticos quanto não diabéticos (em 1, 2, 5, 10 e 20 anos com uma perviedade de 97%, 97%, 96% e 96% em pacientes diabéticos e 96%, 96%, 95% e 93%, respectivamente, em pacientes não diabéticos).

 

As pontes venosas foram perdendo perviedade à medida que os anos foram passando de maneira similar em pacientes diabéticos e não diabéticos (1, 2, 5, 10 e 20 anos com uma perviedade de 78%, 70%, 57% e 42% em pacientes com diabetes e de 82%, 72%, 58% e 41%, respectivamente, em pacientes não diabéticos).


Lea também: “O TAVI apresenta menos IAM pós-procedimento que a cirurgia de substituição da valva aórtica”.


Após a realização de múltiplos ajustes, a perviedade a longo prazo das pontes de mamária interna e as pontes de veia safena foram similares em pacientes diabéticos e não diabéticos.

 

Conclusão

Contrariamente a qualquer hipótese, a diabete não influencia a perviedade a longo prazo das pontes arteriais venosas. A utilização de pontes mamárias deve ser maximizada em todo tipo de pacientes dada sua excelente perviedade num período tão longo como 20 anos. 

 

Comentário editorial

Contra todos os prognósticos, a diabete não foi um fator de risco para a oclusão das pontes, fossem essas arteriais ou venosas. No entanto, os seguintes sim, foram fatores de oclusão precoce: o sexo feminino, ponte mamária para a coronária direita e uma lesão não significativa em segmento da artéria coronariana proximal à ponte. Os fatores preditores de oclusão tardia foram: ser jovem no momento da cirurgia, estar assintomático, triglicerídeos altos e ponte venosa para a circunflexa.

 

Apesar da perviedade similar, os pacientes diabéticos tiveram uma maior mortalidade pós-operatória que os não diabéticos, e isso poderia ser explicado pelo resto das comorbidades. No estudo BARI a mortalidade cardíaca em 5 anos foi similar entre diabéticos e não diabéticos (5,8% vs. 4,7%), mas a mortalidade não cardíaca foi o dobro (13% vs. 5,6%).

 

Título original: Influence of Diabetes on Long-Term Coronary Artery Bypass Graft Patency.

Referência: Sajjad Raza et al. J Am Coll Cardiol 2017;70:515–24.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

AHA 2024 | SUMMIT

Foi previamente demonstrado que o tratamento farmacológico para a obesidade (semaglutida) pode reduzir eventos cardiovasculares em pacientes com insuficiência cardíaca (IC) com fração de...

AHA 2024 – BPROAD

A hipertensão arterial (HTA) é a comorbidade mais frequente em pacientes com diabetes e se associa a um maior risco cardiovascular, sendo também o...

Doença coronariana em estenose aórtica: dados de centros espanhóis em cirurgia combinada vs. TAVI + angioplastia

O implante valvar percutâneo (TAVI) demonstrou em múltiplos estudos randomizados uma eficácia comparável ou superior à da cirurgia de revascularização miocárdica (CRM). No entanto,...

Evolução das válvulas balão-expansíveis pequenas

Os anéis aórticos pequenos (20 mm) têm se constituído em um verdadeiro desafio, tanto em contexto de cirurgia como em implante percutâneo da valva...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Resultados a longo prazo do Registro internacional de Chaminés (Chimney Registry)

O registro internacional Chimney (ou Chaminés) foi um estudo observacional dedicado a avaliar o uso do chimney stenting durante o procedimento de TAVI, tanto...

CANNULATE TAVR extended study: Impacto do alinhamento comissural e coronariano na canulação das coronárias após o TAVI com Evolut Fx

A nova válvula Evolut FX demonstrou um melhor alinhamento comissural em comparação com sua predecessora, a Evolut Pro+. Estudos prévios já tinham evidenciado que...

Capacitação técnica semipresencial em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista SOLACI-CACI

Abrimos as inscrições para uma nova edição do Curso SOLACI-CACI 2025 semipresencial em Hemodinâmica e Cardiologia Intervencionista para Técnicos e Enfermeiros. Veja abaixo toda a...