Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Historicamente, o tratamento “gold standard” para a falha das biopróteses aórticas foi a cirurgia. No entanto, desde o primeiro relato de um Valve-in-Valve (V-in-V) em 2017 por Wenawaser, o implante percutâneo surgiu como uma alternativa válida ante esta situação. Ainda assim, na atualidade não dispomos de muita evidência científica neste campo.
No presente estudo foram analisados 205 pacientes que apresentaram falha de uma bioprótese aórtica. Dentre eles, 126 (61,5%) foram submetidos a reoperação (REOP) e 798 a V-in-V.
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Os que receberam V-in-V foram mais velhos, com mais comorbidades, maior presença de insuficiência cardíaca e maior STS e EuroSCORElog. Para homogeneizar as amostras foi feito um propensity score match, ficando 78 pares.
A mortalidade em 30 dias e em um ano foi numericamente inferior no grupo V-in-V, embora sem alcançar significância estatística (6,4% vs. 3,9% e 13,1% vs. 12,3%). Por sua vez, tampouco houve diferenças nos índices de AVC, IAM ou na necessidade de marca-passo definitivo. A necessidade de diálise por insuficiência renal aguda foi numericamente menor no grupo V-in-V (11,5% vs. 3,8%; p = 0,13). Os resultados foram similares na população.
A internação foi menor nos que receberam V-in-V (p = 0,001).
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Os gradientes em 30 dias foram maiores em V-in-V (18,1 mmHg vs. 14,3 mmHg; p = 0,01). Isso se deu a expensas das válvulas Edwards (21,3 mmHg de gradiente). O mesmo não ocorreu com as CoreValve (15,4 mmHg) que não apresentaram diferença com a REOP. A presença de gradiente > 20 mmHg foi duas vezes maior com as válvulas Edwards em comparação com as CoreValve e com REOP (51,9% vs. 22,6% e 17,1%, respectivamente).
Conclusão
Os pacientes que apresentam falha de uma bioprótese em posição aórtica por estenose aórtica severa tratados com REOP ou V-in-V têm similar evolução em 30 dias e em um ano.
Comentário
Este grupo apresenta um grande desafio na atualidade e há pesquisas em curso a esse respeito.
Este estudo retrospectivo mostrou uma similar evolução em ambos os grupos, mas com menos dias de internação para o V-in-V. De qualquer forma, nove dias de internação é um número elevado.
É importante selecionar a válvula percutânea a utilizar, uma vez que com uma delas o gradiente após o implante foi mais alto. Isso seguramente melhorará no futuro próximo com a maior experiência e com o desenvolvimento de novos dispositivos.
Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Título Original: Transcatheter aortic valve implantation versus redo surgery for failing surgical aortic bioprostheses. A multicenter propensity score analysis.
Referência: Marco Spaziano, et al. EuroIntervention 2017;13:1149-1156.
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