Gentileza do Dr. Pablo Baglioni.
Trata-se de um estudo prospectivo e observacional com seguimento de 1 ano de 2.062 pacientes com síndromes coronarianas agudas (SCA) que foram tratados com angioplastia coronariana com stents DES de nova geração.
Foram incluídos pacientes entre 21 de dezembro de 2012 e 25 de agosto de 2015. Em maio de 2014, devido à mudança ocorrida nos guias internacionais, foi substituído o uso de clopidogrel por ticagrelor. Portanto, no grupo 1 foram incluídos pacientes do período clopidogrel (CP) e no grupo 2, pacientes que foram incluídos após a atualização dos guias (período ticagrelor: TP).
Foram excluídas deste estudo mulheres grávidas e pacientes com menos de 1 ano de expectativa de vida que tivessem uma cirurgia planejada e requeressem descontinuação da dupla antiagregação antes dos 6 meses. Além disso, também foram excluídos os pacientes que estivessem tomando anticoagulantes orais.
Caso os pacientes não se encontrassem antiagregados no momento do procedimento, administrava-se aspirina 300 mg e uma carga de clopidogrel 600 mg ou ticagrelor 180 mg. Depois realizou-se manutenção da mesma usando AAS 80-100 mg e 75 mg de clopidogrel ou 90 de ticagrelor duas vezes por dia segundo o grupo corresponde. A dupla antiagregação foi mantida por um período de 12 meses, da mesma forma que se procede com o tratamento habitual para o SCA.
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Dos 2.062 pacientes admitidos no estudo, 1.009 foram tratados com clopidogrel e 1.053 com ticagrelor. Os pacientes do grupo ticagrelor foram mais idosos (62,9 ± 11,6 vs. 63,9 ± 12,1; p = 0,04) e tinham menor incidência de doença vascular periférica (8,8 vs. 5,5; p = 0,03).
Nos pacientes que receberam ticagrelor utilizou-se mais frequentemente a via radial para realizar o procedimento (17,7 vs. 44,6; p =< 0,001), a quantidade de vasos doentes não foi estatisticamente significativa, da mesma forma que foi irrelevante o tipo de stent utilizado (Everolimus, Zotarolimus ou Sirolimus).
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Em um ano, 99,3% dos pacientes tiveram um seguimento bem-sucedido. Por sua vez, os eventos primários ocorreram em 5,1% dos pacientes do grupo clopidogrel contra 7,8% do outro grupo. Tal aumento dos eventos primários no segundo grupo se deveu fundamentalmente à diferença no sangramento maior, que foi de 1,2% vs. 2,7% (p = 0,02).
No que se refere aos demais desfechos, tais como o IAM, o AVC ou qualquer causa de morte, não houve diferenças significativas nos resultados.
Comentário
Neste estudo se evidenciou, portanto, que ao utilizar ticagrelor houve um aumento dos desfechos primários. Por sua vez, também não foi possível demonstrar a não inferioridade do ticagrelor sobre o clopidogrel. Ao realizar a análise multivariada, os autores constataram que a utilização do ticagrelor foi um preditor independente de desfechos primários e sangramento maior, embora tenham sido utilizados mais inibidores da bomba de prótons para evitar o sangramento digestivo.
Leia também: “A complexidade da angioplastia pode definir o tempo de dupla antiagregação”.
Apesar de os resultados não diferirem do resto dos estudos apresentados até o momento, continua sendo importante selecionar que pacientes devem receber cada antiagregante, avaliando os riscos e benefícios de cada um e eventualmente conhecendo a maneira de realizar corretamente o switch entre ambos para prevenir as complicações decorrentes de seu uso.
Gentileza do Dr. Pablo Baglioni.
Título original: Clopidogrel or ticagrelor in acute coronary syndrome patients treated with newer-generation drug-eluting stents: CHANGE DAPT.
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