iFR nas lesões não culpadas: o momento da medição parece mudar a história

Durante uma angioplastia primária é comum que sejam observadas várias outras lesões na árvore coronariana. Os guias atuais recomendam não tratar ditas lesões no mesmo procedimento da angioplastia primária, mesmo havendo evidência para fazê-lo, o que nos levar a constatar que os guias deveriam ser atualizados.

iFR en lesiones no culpables: el momento de la medición parece cambiar la historia

A valoração funcional das mencionadas lesões não culpadas pode ajudar a tomar uma decisão sobre a necessidade de revascularização, embora não esteja claro se esta avaliação poderia se ver afetada pelo quadro clinico agudo.


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O objetivo deste trabalho foi justamente responder à pergunta anterior, isto é, comparar as medições de FFR e iFR de lesões não culpadas no momento agudo e depois voltar a mediar as mesmas lesões no seguimento, já com o quadro mais normalizado.

 

Imediatamente após a realização da angioplastia primária do vaso culpado do infarto as estenoses não culpadas foram avaliadas com iFR e deixadas sem revascularizar. Posteriormente, realizou-se uma nova medição de iFR, considerando-se como significativo um valor < 0,90.


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Foram incluídos 120 pacientes com 157 lesões não culpadas. O iFR médio de todas as lesões foi de 0,89 em agudo vs. 0,91 no seguimento de, em média, 15 dias após o evento. A concordância entre as medições em agudo e no seguimento foi de 78%.

 

Quando o seguimento foi realizado dentro dos 5 dias da ocorrência do evento agudo, praticamente não foram observadas diferenças entre as medições de iFR, com uma concordância de quase 90%.


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Naqueles pacientes nos quais as medições estiveram separadas por mais de 15 dias observou-se que o iFR posterior continuou se incrementando, o que levou a concordância a ser ainda menor (70%).

 

Conclusão

A medição aguda do iFR das lesões não culpadas do infarto após a realização de uma angioplastia primária bem-sucedida do vaso culpado parece válida. No entanto, o intervalo de tempo entre o infarto e uma medição posterior fazem com que haja variação nas medições de iFR, o que nos leva a supor que existem fatores fisiológicos que interferem no momento agudo.

 

Comentário editorial

A maior parte da informação que tinha sido relatada se refere à concordância entre o iFR e o FFR e quase sempre em pacientes estáveis. Tal concordância se encontra (aproximadamente) em 80%, considerando um corte de FFR de 0,80 e um corte de iFR de 0,90. Em pacientes estáveis a diferença entre os dois métodos se encontra basicamente concentrada nas medições próximas aos pontos de corte, motivo pelo qual parece constituir-se em boa prática a confirmação do FFR (gold standard) daquelas medições de iFR entre 0,86 e 0,93.

 

Este trabalho traz como novidade a comparação da concordância do iFR em diferentes momentos do quadro clínico dos pacientes. Algumas lesões parecem piorar, o que poderia ser explicado pelo avanço do processo inflamatório nas placas. De fato, estas poucas lesões também pioram na angiografia. No entanto, a maioria das lesões têm suas medições melhoradas com o passar dos dias, o que apoia a ideia de revascularizar em etapas os pacientes cursando um infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST.

 

Título original: Nonculprit Stenosis Evaluation Using Instantaneous Wave-Free Ratio in Patients With ST-Segment Elevation Myocardial Infarction.

Referência: Troels Thim et al. J Am Coll Cardiol Intv 2017. Article in press.


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