Síndrome de Burnout entre os Cardiologistas

Pela primeira vez o ACC (American College of Cardiology) realiza uma enquete dessas características observando que mais de um quarto dos Cardiologistas relata sintomas compatíveis com a síndrome de burnout. Dita síndrome se caracteriza, entre outras coisas, pelo esgotamento crônico no trabalho, por uma baixa autoestima e dificuldade de concentração que se associam a estresse e inclusive a agressividade.

Burnout

Estes achados devem ser seriamente considerados já que podem ter implicâncias no cuidado de pacientes. Historicamente as Instituições de saúde trabalharam com o objetivo de melhorar a qualidade de atenção aos pacientes e, ao mesmo tempo, reduzir os custos. Com estes resultados apresentados nas sessões científicas do congresso da AHA deveria ser acrescentado como objetivo o bem-estar dos médicos como ponto fundamental para melhorar a qualidade de atenção aos pacientes.


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A enquete foi realizada pelo ACC em 2015 e incluiu 964 mulheres e 1.349 homens que responderam a 10 perguntas. O burnout foi definido ao relatar um ou mais sintomas do mesmo de forma intermitente ou permanente.

A prevalência global foi de 27%, tendo sido mais frequente em mulheres (31% vs. 24%; p < 0,05). Os preditores mais frequentes foram sentir-se estressado permanentemente, não ter controle da carga de trabalho, um entorno de trabalho hostil e tempo insuficiente para as tarefas administrativas. Todos estes gatilhos parecem ser acumulativos embora a maioria sejam aspectos controláveis da vida profissional.

Os Hospitais devem se assegurar de que seus médicos se sintam valorizados, que os sistemas computadorizados funcionem bem, que o ambiente de trabalho seja ameno e em equipe e que exista um tempo suficiente para documentar na história clínica e para realizar todas as demais formalidades que devem ser cumpridas.


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Os sintomas de burnout no trabalho associados às responsabilidades na família são tipicamente mais frequentes nas mulheres que nos homens. Também é mais frequente que as mulheres relatem o fato de se sentirem discriminadas, de o tratamento não ser equitativo em relação ao tratamento dispensando aos homens e de não serem valorizadas por seu trabalho. Ditas diferenças que se observaram em uma população de cardiologistas clínicos provavelmente sejam mais frequentes entre os intervencionistas.

Título original: Burnout and career satisfaction among cardiologists.

Referência: Mehta LS et al. American Heart Association 2017 Scientific Sessions.


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