Os autores realizam um resumo muito ameno dos pontos mais importantes dos novos guias sobre diagnóstico e tratamento da doença vascular periférica. Esperamos que a enumeração do mais importante em 10 pontos à imagem dos mandamentos evite-lhes a sempre tediosa tarefa de ler um guia completo.
Em janeiro de 2018 o artigo dos 10 mandamentos sobre os novos guias de infarto alcançou milhares de leituras, o que indica que se trata, obviamente, de uma temática que nos interessa. No entanto, a doença vascular periférica sempre ficou relegada em nosso interesse, nosso tempo, nossa habilidade e, em última instância, em nossa capacidade de aliviar nossos pacientes. Esperamos que este artigo receba tantos ou mais cliques que os mandamentos em IAM.
- Os centros de saúde devem contar com uma equipe vascular multidisciplinar para tomar as decisões no que se refere aos pacientes com doença vascular periférica.
- Todos os pacientes com qualquer tipo de doença vascular periférica correm risco de apresentar eventos cardiovasculares e morte.
- A terapia antiplaquetária está indicada em todos os pacientes com doença carotídea, para além dos sintomas ou da necessidade de revascularização. No caso de angioplastia carotídea se recomenda pelo menos 1 mês de dupla antiagregação.
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- A maioria dos pacientes com doença carotídea sintomática vão obter o máximo benefício da revascularização sempre que esta se realizar dentro dos 14 dias do evento índice.
- Em pacientes com doença carotídea assintomática (estenose entre 60-99%) deve-se considerar a cirurgia em presença de: AVC ou acidente isquêmico transitório contralateral, imagens compatíveis com AVC silente ipsilateral, embolização espontânea no Doppler transcraniano, placas moles ecolúcidas ou hemorragia intraplaca. Ditas características podem estar associadas a um incremento do risco de AVC ipsilateral e a intervenção deve ser feita em um centro que possa documentar um risco de morte/AVC < 3% em pacientes com uma expectativa de vida superior a 5 anos. A angioplastia carotídea é uma alternativa válida à cirurgia.
- Em pacientes com doença renal aterosclerótica, a revascularização não está indicada dado que não melhora o controle da tensão arterial ou dos eventos vasculares. Com escassas exceções, o tratamento médico com anti-hipertensivos, antiplaquetários e estatinas continha sendo a pedra angular do manejo dos pacientes com doença aterosclerótica renal.
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- Na isquemia crônica de membros inferiores os padrões clínicos são especificados como fatores que colocam em risco a viabilidade do membro afetado. O risco se estratifica de acordo com a severidade da isquemia, de feridas ou de infecção. O reconhecimento precoce das feridas e das infecções é primordial para salvar o membro afetado.
- Em pacientes com doença dos membros inferiores as imagens anatômicas sempre devem ser analisadas em conjunto com os sintomas para tomar a decisão de tratamento.
- A doença multiarterial é comum e pode atingir de 10-15% dos pacientes com doença coronariana confirmada a 60-70% daqueles com doença carotídea ou dos membros inferiores. Embora a doença em múltiplos territórios vasculares obviamente piore o prognóstico, não há evidência de que a busca sistemática de doença em territórios assintomáticos possa melhorá-lo.
- A doença coronariana, a insuficiência cardíaca e a fibrilação atrial se associam frequentemente e pioram o prognóstico. Em pacientes com doença vascular periférica estável que ademais apresentem fibrilação atrial, a anticoagulação é prioritária e suficiente na maioria dos casos. No caso de uma revascularização endovascular recente em pacientes com fibrilação atrial, deve-se considerar a combinação de anticoagulação e antiplaquetários de acordo com o balanço do risco trombótico/hemorrágico. O período de tratamento combinado deve ser o mais curto possível.
Título original: The ‘Ten Commandments’ of 2017 ESC Guidelines on the Diagnosis and Treatment of Peripheral Arterial Diseases.
Referência: Aboyans V et al. Eur Heart J. 2018 Mar 1;39(9):722.
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