Gentileza do Dr. Carlos Fava.
A estenose aórtica acompanhada de insuficiência cardíaca ou choque cardiogênico se associa a uma alta mortalidade a curto prazo. A cirurgia em tais condições se torna proibitiva em inúmeras ocasiões, motivo pelo qual a opção que resta é a valvoplastia como ponte a outro procedimento, já que seu resultado é limitado no tempo.
Até agora, existem escassas análises com bem poucos pacientes que tenham recebido TAVI em ditas condições. No entanto, este demonstrou ser factível e seguro, embora ainda não tenhamos informação suficiente sobre sua evolução.
No presente estudo foram analisados 40.042 pacientes do STS/ACC TVT Registry. Dentre eles, 3.952 pacientes (9,9%) receberam TAVI em condições de urgência/emergência (U/E).
Leia também: Avaliação funcional das estenoses coronarianas na vida real: a ficha ainda não caiu.
Comparando-se os pacientes que foram submetidos a TAVI de forma eletiva, os que receberam o procedimento em U/E tinham uma alta prevalência de diabetes, falha renal, AVC prévio, DPOC, insuficiência cardíaca prévia, fibrilação atrial, transtornos de condução prévio, infarto prévio, menor fração de ejeção do ventrículo esquerdo, insuficiência mitral e tricúspide. O STS de mortalidade também foi mais alto (11,8% vs. 6,1%; p =< 0,001), bem como a qualidade de vida.
A utilização de dispositivos de assistência ventricular e a utilização de acesso transapical ou transaórtico foi mais frequente nos TAVI realizados de U/E.
O sucesso do implante foi menor no grupo U/E (92,6% vs. 93,7%; p = 0,007). Além disso, o deterioro da função renal e a necessidade de diálise foi maior neste mesmo segmento, do mesmo modo que a estadia hospitalar. Não foram registradas diferenças no que se refere a sangramento que compromete a vida, complicações vasculares, AVC, infarto, necessidade de marca-passo definitivo, conversão a cirurgia e regurgitação quando a comparação foi feita com os TAVI realizados de forma programada.
Leia também: O maior registro sobre a válvula ACURATE Neo.
A mortalidade em 30 dias e em um ano foi maior no grupo U/E (8,7% vs. 4,3%; p < 0,001 e 29,1% vs. 17,5%; p = 0,001, respectivamente).
A mortalidade em 30 dias e em um ano nos pacientes que receberam TAVI de U/E se associou a fibrilação atrial, necessidade de utilização de oxigênio, acesso não femoral e utilização de by-pass cardiopulmonar, ao passo que o balão de contrapulsação teve uma associação inversa.
Conclusão
O TAVI realizado em condições de U/E é factível com resultados aceitáveis e talvez seja uma opção razoável neste grupo de pacientes com estenose aórtica severa.
Comentário
Esta análise é importante pelo fato de demonstrar que aproximadamente 10% dos pacientes com estenose aórtica se encontram em situações de urgência/emergência no momento da decisão terapêutica, o que coloca o TAVI como uma opção de tratamento factível e segura com taxa de mortalidade aceitável em tais condições.
É importante evitar que os pacientes cheguem a este estado crítico, mas em caso de nos enfrentarmos com este cenário, deveríamos tomar decisões rápidas para evitar que a insuficiência cardíaca e o deterioro da função renal progridam, tentando assim assegurar uma melhor evolução para os pacientes.
Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Título original: Outcomes Following Urgent/Emergent Transcatheter Aortic Valve Replacement: Insights from the STS/ACC TVT Registry
Referência: Dhaval Kolte et AL. J Am Coll Cardiol Interv. On line before print
Receba resumos com os últimos artigos científicosSubscreva-se a nossa newsletter semanal
Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.