O que podemos dizer das pequenas dissecções e imperfeições que somente são mostradas pela OCT?

Estamos quase às cegas quando realizamos uma angioplastia guiada somente pela angiografia, como fizemos historicamente. Atualmente temos a tomografia de coerência ótica (OCT), que nos mostra muitos detalhes, mas que também incrementa os custos, o tempo do procedimento e o volume de contraste. A pergunta que este trabalho se propunha a nos responder era se valia a pena conhecer todos os pequenos defeitos e imperfeições que deixamos ao colocar um stent, os quais são invisíveis para a angiografia convencional. Em outras palavras, se era possível avaliar o impacto de uma angioplastia subótima aos olhos da OCT a longo prazo.

stentNeste contexto foi desenvolvido o registro CLI-OPCI (Optimization of Percutaneous Coronary Intervention), que comparou os resultados a longo prazo de 1.211 angioplastia de 13 centros independentes com experiência em OCT de acordo com os resultados do mesmo pós-procedimento.

 

A OCT revelou que 30,9% dos stents implantados são subótimos e isto vem de mãos dadas com um aumento de pacientes que evoluem com eventos relacionados ao dispositivo (52,8% vs. 28,0%; p < 0,001).  


Leia também: Seguimento com OCT das erosões de placa com tratamento médico e sem stent.


Em um seguimento médio de 833 dias observou-se que uma área luminal mínima < 4,5 mm² (HR 1,82; p < 0,001), uma dissecção distal > 200 µm (HR 2,03; p = 0,004) e uma referência entre o volume de placa e a área luminal < 4,5 mm², tanto na borda distal (HR 5,22; p < 0,001) quanto na proximal (HR 5,67, p < 0,001) são preditores independentes de falha do stent.

 

Contra todos os prognósticos, outros fatores não foram preditores de eventos, como uma relação entre a área de referência e a área luminal mínima < 70%, hastes mal apostas e protrusão de placa ou trombo intrastent.

 

Conclusão

Um implante subótimo do stent de acordo com critérios específicos definidos por OCT predizem eventos a longo prazo, embora outros, que a lógica e também alguma evidência nos dizia que seriam fatores preditores, mostraram não ser. O cúmulo disso talvez seja a má aposição aguda.

 

Título original: Long-term consequences of optical coherence tomography findings during percutaneous coronary intervention: the Centro Per La Lotta Contro L’infarto – Optimization Of Percutaneous Coronary Intervention (CLI-OPCI) LATE study.

Referência: Francesco Prati et al. EuroIntervention 2018;14:e443-e451.


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