Preditores de alterações de condução que indicam necessidade de marca-passo de forma tardia

Esta análise mostra que o bloqueio basal do ramo direito e o grau de prolongamento do intervalo PR após o implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) são preditores independentes de transtornos de condução de alto grau tardios (≥ 48 h) que indicam a necessidade de marca-passo. Um simples eletrocardiograma pode detectar estes potencialmente fatais transtornos de condução que podem ocorrer de maneira tardia.

Marca-passo com o fio-guia 0,035”Os dados de todos os pacientes consecutivos realizados em um centro de Milão, Itália, foram coletados entre 2007 e 2015. Definiu-se o intervalo PR e o delta QRS como a diferença entre a última medição pós-TAVI e o PR e QRS basais.

 

Elegeram-se os dados de 740 pacientes (excluíram-se 78 que já contavam com marca-passo e 51 que receberam o marca-passo antes das 48 horas), ficando 611 pacientes para a análise final.

 

8,8% dos pacientes desenvolveram transtornos de condução que requereram marca-passo ≥ 48 horas após o procedimento. Aqueles pacientes que precisaram de marca-passo de forma tardia tinham um QRS mais largo (113 ± 25 ms vs. 105 ± 23 ms; p = 0,009), uma prevalência mais alta de bloqueio completo do ramo direito basal (12,9% vs. 5,3%; p = 0,026) e receberam mais frequentemente a válvula autoexpansível (51,8% vs. 31,9%; p = 0,003).


Leia também: Monitoramento ambulatorial contínuo em pacientes com bloqueio do ramo esquerdo pós-TAVI.


O delta PR foi de 40 ± 51 ms (p = 0,0001) e o delta QRS foi de 22 ± 61 ms (p = 0,001).

 

A análise multivariada mostrou que o bloqueio do ramo direito basal leva a um risco de entre 3,5 e 4 vezes maior de necessidade de marca-passo (p = 0,0001) e o delta PR aumentou o risco 1,3 vezes por cada 10 mseg de prolongamento (p = 0,0001).

 

Conclusão

A evidência se consolida a favor de que um simples eletrocardiograma para detectar os pacientes que apresentam maior risco de precisar de marca-passo de forma tardia pós-TAVI. O bloqueio do ramo direito basal e um incremento do PR são preditores de transtornos de condução de alto grau tardio.

 

Título original: Predictors of Advanced Conduction Disturbances Requiring a Late (≥48 horas) Permanent Pacemaker Following Transcatheter Aortic Valve Replacement.

Referência: Antonio Mangieri et al. J Am Coll Cardiol Intv 2018;11:1519–26.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

ACC 2025 | BHF PROTECT-TAVI: são realmente necessários os sistemas de proteção cerebral no TAVI?

A realização do TAVI tem mostrado um aumento contínuo, embora uma das complicações associadas continue sendo o acidente vascular cerebral (AVC), majoritariamente isquêmico e,...

ACC 2025 | EVOLUTE LOW RISK: TAVI em baixo risco: evolução em 5 anos

O TAVI é uma alternativa válida quando comparado com a cirurgia em pacientes de baixo risco com estenose aórtica severa. Uma de suas principais...

Principais estudos do segundo dia do ACC 2025

BHF PROTECT-TAVI (Kharbanda RK, Kennedy J, Dodd M, et al.)O maior ensaio randomizado feito em 33 centros do Reino Unido entre 2020 e 2024...

Bloqueio do ramo esquerdo após o TAVI, qual é o seu impacto?

Gentileza do Dr. Juan Manuel Pérez. O bloqueio do ramo esquerdo (BCRE) é uma complicação frequente após o implante percutâneo da valva aórtica (TAVI), que...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

ACC 2025 | WARRIOR: isquemia em mulheres com doença coronariana não obstrutiva

Aproximadamente a metade das mulheres sintomáticas por isquemia que se submetem a uma coronariografia apresentam doença coronariana não significativa (INOCA), o que se associa...

Pacientes com alto risco de sangramento após uma ATC coronariana: são úteis as ferramentas de definição de risco segundo o consórcio ARC-HBR e a...

Os pacientes submetidos ao implante de um stent coronariano costumam receber entre 6 e 12 meses de terapia antiplaquetaria dual (DAPT), incluindo esta um...

ACC 2025 | BHF PROTECT-TAVI: são realmente necessários os sistemas de proteção cerebral no TAVI?

A realização do TAVI tem mostrado um aumento contínuo, embora uma das complicações associadas continue sendo o acidente vascular cerebral (AVC), majoritariamente isquêmico e,...