De acordo com esta análise post hoc do estudo DEFINE-FLAIR, o gênero dos pacientes parece afetar os resultados do FFR mas não os do iFR. Embora estes resultados não estivessem especificados no protocolo e tenham de ser confirmados, poderiam afetar o padrão ouro para a avaliação funcional das lesões.
Apesar do anteriormente afirmado, os resultados clínicos são similares com os dois métodos. Isso significa que, apesar da diferença que existe entre homens e mulheres, ambos os métodos podem ser efetivamente empregados para guiar a revascularização segundo o trabalho do Rr. Chee Hae Kim, que foi recentemente publicado no J Am Coll Cardiol Intv.
Está bastante claro que existem diferenças entre homens e mulheres no que se refere à interação da circulação epicárdica com a microcirculação, mas isso é tudo o que sabemos. O motivo destas diferenças e suas implicações são um mistério.
O DEFINE-FLAIR, publicado originalmente no NEJM, incluiu 2.492 pacientes (601 mulheres e 1.891 homens) com lesões entre 40% e 70% de estenose por angiografia que foram randomizados a serem guiados por FFR vs. iFR em sua revascularização. Após um ano, a combinação de morte, infarto não fatal e revascularização não planificada foi similar entre os dois grupos (iFR 6,8% vs. FFR 7%; p para não inferioridade < 0,001).
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Para a presente análise, os autores fizeram foco nas diferenças de gênero. Globalmente, as mulheres apresentaram menos lesões funcionalmente significativas que os homens e, portanto, foram submetidas a menos revascularizações (42,1% vs. 53,1%; p < 0,001).
A média de iFR foi de 0,91 para ambos os sexos. No entanto, o FFR foi mais alto nas mulheres que nos homens (0,85 vs. 0,83; p = 0,001). Entre os homens, a revascularização foi mais frequente naqueles que foram medidos com FFR que nos que foram medidos com iFR (57,1% vs. 49,3%; p = 0,001).
Nas mulheres, a revascularização foi similar entre ambos os métodos (41,4% vs. 42,6%; p = 0,757).
Após um ano, os eventos foram similares entre as mulheres tratadas com iFR e FFR (5,4% vs. 5,6%). O mesmo ocorreu entre os homens (6,6% vs. 7%).
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Estas semelhanças se mantiveram após o ajuste por idade, apresentação clínica, classe funcional da angina, hipertensão, diabetes, infarto prévio, angioplastia prévia, etc.
As diferenças na função microvascular, massa de miocárdio, diâmetro dos vasos, características da placa e função diastólica podem explicar um maior efeito hiperêmico e, portanto, um menor valor de FFR nos homens que nas mulheres para uma mesma estenose epicárdica.
Chegamos a indagar se seria necessário ajustar o ponto de corte do FFR para as mulheres, mas esta diferença parece mais acadêmica que prática, já que os desfechos clínicos não se modificam.
Título original: Sex differences in instantaneous wave-free ratio or fractional flow reserve–guided revascularization strategy.
Referência: Kim CH et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2019;12:2035-2046.
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