Calcificação da via de saída e a melhor válvula nesse contexto

A calcificação moderada ou severa da via de saída do ventrículo esquerdo incrementa o risco de ruptura do anel, insuficiência aórtica residual e necessidade de uma segunda válvula. Este recente estudo analisou a performance das diferentes próteses contemporâneas em pacientes com essa anatomia particular. 

Calcificación del tracto de salida

A calcificação da via de saída se associou, desde os inícios do implante percutâneo da valva aórtica (TAVI), com eventos adversos. Apesar disso, a evidência disponível se limitava a estudos observacionais com números modestos, seguimentos incompletos e falta de estudo dos diferentes modelos de dispositivos.  

A presença de 2 nódulos ou somente um com mais de 5 mm, ou ainda, o fato de cobrir mais de 10% da via de saída foi o que se considerou calcificação moderada ou severa. 

De 1635 pacientes submetidos a TAVI, documentou-se calcificação moderada a severa da via de saída em um quarto dos pacientes (407 pacientes, ou 24,9%).

Ditos pacientes mostraram um risco significativamente maior de ruptura do anel (2,3% vs. 0,2%; p < 0,001), necessidade de uma segunda válvula (2,9% vs. 0,8%; p = 0,004) e insuficiência aórtica residual (11,1% vs. 6,3%; p = 0,002).


Leia também: ESC 2020 |O ticagrelor pode aumentar os sangramentos e a mortalidade em idosos.


A válvula balão-expansível mostrou um maior risco de ruptura do anel nesses pacientes (4,0% vs. 0,4%; p = 0,002) vs. todos os modelos autoexpansíveis. 

A necessidade de uma segunda válvula e a insuficiência residual foram similares em toda a gama de dispositivos. 

Conclusão

A calcificação da via de saída aumenta o risco de ruptura do anel, de insuficiência aórtica residual e de necessidade de uma segunda válvula. A ruptura do anel foi muito mais frequente com a válvula expansível por balão ao passo que o resto das complicações foram similares para os diferentes dispositivos. 

Título original: Impact of Left Ventricular Outflow Tract Calcification on Procedural Outcomes After Transcatheter Aortic Valve Replacement.

Referência: Taishi Okuno et al. J Am Coll Cardiol Intv 2020;13:1789–99. https://doi.org/10.1016/j.jcin.2020.04.015.


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