O diagnóstico não invasivo de vasoespasmo soma evidência

O diagnóstico não invasivo de vasoespasmo coronariano mediante ecocardiografia com a administração de ergonovina pode ser realizado de maneira segura e inclusive sem angiografia prévia para descartar lesões fixas. 

Estes são dados alentadores e afastam os pacientes com vasoespasmos das múltiplas angiografias sem lesões significativas e da incerteza de um diagnóstico “por exclusão”. 

O presente trabalho publicado este mês no JACC Img buscou evidência a grande escala que respalde a utilidade clínica do ecocardiograma com ergonovina para o diagnóstico de espasmo coronariano. 

O teste foi feito em 14 012 pacientes (idade média de 52 anos, 44,3% de mulheres) após excluir lesões coronarianas significativas por estudos funcionais (ergometria ou SPECT, n = 9824) ou por anatomia (tomografia ou angiografia convencional, n = 4188). 

O estudo foi detido prematuramente em somente 0,4% dos pacientes e foi obtido resultado positivo em 2144 pacientes (15,3%). Este resultado positivo variou de acordo com o diagnóstico presuntivo com o qual o paciente começou o estudo (síndrome coronariana aguda em 38,2% dos casos, angina variante em 31,8% dos casos, angina de esforço em 14,9% dos casos, morte súbita abortada em 17,6% e síncope em 9,9%). 


Leia também: A diabetes poderia orientar a decisão entre o ticagrelor e o prasugrel.


Não houve mortes nem infartos durante o estudo com ergonovina. 

Em um seguimento médio de 11,4 anos (faixa de 7,2 a 15,8 anos) ocorreram 494 mortes por qualquer causa e 143 mortes cardiovasculares. 

Nos pacientes com testes de ergonovina positivos não foram observadas diferenças de eventos entre os que chegaram ao estudo com testes funcionais ou anatômicos. 


Leia também: Como desescalar prasugrel após uma síndrome coronariana aguda?


Após os múltiplos ajustes, o fato de ter um ecocardiograma com ergonovina positiva foi um fator independente associado a mortalidade por qualquer causa (HR 1,8; p < 0,001) e morte cardiovascular (HR 2,9; p < 0,001).

Conclusão

O ecocardiograma com ergonovina pode ser uma ferramenta segura para diagnosticar o vasoespasmo coronariano inclusive sem documentação da anatomia. Seu resultado tem importantes implicações prognósticas a longo prazo e poderia eventualmente substituir os testes de provocação invasivos. 

Título original: Diagnostic and Prognostic Value of Ergonovine Echocardiography for Noninvasive Diagnosis of Coronary Vasospasm.

Referencia: Sang Yong Om et al. JACC Cardiovasc Imaging. 2020 Sep;13(9):1875-1887. doi: 10.1016/j.jcmg.2020.03.008.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.

Mais artigos deste autor

Tabagismo e seu impacto na doença cardiovascular 10 anos depois de uma angioplastia coronariana

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Alguns relatórios históricos sugeriram, no entanto, um menor...

Jejum vs. não jejum antes de procedimentos cardiovasculares percutâneos

Embora em 2017 as diretrizes da Sociedade Americana de Anestesiologistas tenham sido atualizadas para permitir a ingestão de líquidos claros até duas horas e...

Dissecção espontânea do tronco da coronária esquerda: características clínicas, manejo e resultados

Gentileza do Dr. Juan Manuel Pérez. A dissecção espontânea do tronco da coronária esquerda (TCE) é uma causa infrequente de infarto agudo do miocárdio (IAM),...

Pré-tratamento com DAPT em síndromes coronarianas agudas: continua sendo um debate não resolvido?

Na síndrome coronariana aguda (SCA), a terapia antiplaquetária dual (DAPT) representa um pilar fundamental após a intervenção mediante angioplastia coronariana percutânea (PCI), ao prevenir...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Veja as melhores imagens das Jornadas Uruguai 2025

Aproveite os melhores momentos das Jornadas Uruguai 2025, realizadas no Hotel Radisson de Montevidéu (Uruguai) nos dias 7, 8 e 9 de maio de...

Tratamento percutâneo da insuficiência mitral funcional atrial

A insuficiência mitral (IM) por dilatação atrial funcional (AFMR) é uma afecção que representa aproximadamente um terço dos casos de insuficiência mitral, associando-se com...

Tabagismo e seu impacto na doença cardiovascular 10 anos depois de uma angioplastia coronariana

O tabagismo é um fator de risco bem estabelecido para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ateroscleróticas. Alguns relatórios históricos sugeriram, no entanto, um menor...