O volume de placa acima do grau de estenose

Todos os paradigmas mudam em algum momento. Após anos opacado pelo grau de estenose, emerge o volume de placa como um melhor preditor de eventos cardiovasculares e morte. Assim, pacientes com um grau comparável de carga aterosclerótica teriam um prognóstico similar sem importar o fato de as lesões serem ou não obstrutivas. 

El volumen de placa por sobre el grado de estenosis

O objetivo deste trabalho foi avaliar se a doença obstrutiva tem um valor preditivo adicional para além de sua associação com o total de lesões ateroscleróticas calcificadas avaliadas por tomografia. 

Esta análise recentemente publicada no JACC incluiu 23.759 pacientes sintomáticos que foram diagnosticados mediante uma angiotomografia. Os eventos cardiovasculares maiores (infarto, AVC e morte por qualquer causa) foram estratificados de acordo com a carga aterosclerótica e com o número de vasos afetados. 

Após um seguimento médio de 4,3 anos, 1054 pacientes sofreram seu primeiro evento cardiovascular. A taxa de eventos foi aumentando tanto com o escore de cálcio quanto com o número de vasos doentes. Com um escore de cálcio igual a 0 a taxa de eventos foi de 6,2 pacientes por cada 1000, ao passo que com um escore > 1000 a chance foi de 42,3 pacientes por cada 1000.

Ter um vaso doente representou um risco similar de eventos a ter um escore de cálcio de 0 (6,1 pacientes por cada 1000), ao passo que ter os 3 vasos doentes não foi tão grave quanto ter um escore de cálcio > 1000 (34,7 pacientes por cada 1000). 


Leia também: Bom desempenho da Sapien 3 em “trabalhos” para os quais não está desenhada.


Ao estratificar os pacientes em 5 grupos de acordo com o escore de cálcio (0, 1 a 99, 100 a 399, 400 a 1000 e > 1000) a presença de doença obstrutiva não se associou com mais risco vs. aqueles pacientes sem doença obstrutiva. 

Conclusão

O volume de placas e não a estenose em si é o maior preditor de eventos cardiovasculares e morte. 

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Título original: Impact of Plaque Burden Versus Stenosis on Ischemic Events in Patients With Coronary Atherosclerosis.

Referência: Martin Bødtker Mortensen et al. J Am Coll Cardiol 2020;76:2803–13 https://doi.org/10.1016/j.jacc.2020.10.021.


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