Tratar oclusões totais, bifurcações complexas, lesões grosseiramente calcificadas ou tronco da coronária esquerda por acesso radial se associa com uma significativa redução dos sangramentos relacionados ao acesso e complicações vasculares vs. o acesso femoral. Este tipo de procedimentos foi excluído dos trabalhos que randomizaram a acesso radial vs. femoral.
O estudo COLOR utilizou o introdutor radial Glidesheath (produzido pela Terumo) que tem uma parede mais fina que permite utilizar dispositivos de 7 French, mas com um acesso na artéria de apenas 6 French.
Os guias de ambos os lados do Atlântico recomendam o acesso radial sobre o femoral devido a sua capacidade de reduzir os sangramentos, as complicações vasculares e inclusive a mortalidade (RIFLE-STEACS e MATRIX).
No entanto, existem muitos operadores que, diante da necessidade de um introdutor maior, optam pelo acesso femoral. É curioso como as tendências para um ou outro acesso mudam conforme cada centro, cada país e até a idade dos operadores.
O estudo COLOR foi apresentado nas sessões científicas do EuroPCR 2021 e simultaneamente publicado no JACC: Cardiovascular Interventions. Incluiu 388 pacientes com uma angioplastia complexa planejada e com requerimento de cateteres de 7 French.
Mais da metade de ditas angioplastias foram oclusões totais (58%), seguidas de lesões calcificadas (19%), lesões do tronco (14%) e bifurcações com 2 stents (9%).
Leia também: EuroPCR 2021 | EBC MAIN: stent provisional vs. 2 stents sistemáticos no tronco.
O sucesso do procedimento chegou a cerca de 90% em ambos os braços e a utilização de um acesso diferente ao adjudicado pela randomização foi baixo e semelhante para ambos os grupos.
O desfecho final primário combinado de sangramento BARC 2/3/5 ou complicação vascular que requereu intervenção ocorreu em 19,1% dos pacientes que foram abordados por acesso femoral vs. 3,6% do grupo randomizado a acesso radial. A diferença em sangramentos foi basicamente conduzida pelos sangramentos BARC 2 (sangramentos evidentes, mas sem comprometimento clínico). As complicações vasculares foram de 4,1% vs. 0,5%, respectivamente (p=0,04).
Os eventos cardiovasculares maiores no seguimento de 30 dias mostraram uma tendência a favor do acesso femoral (2,6% vs. 6,7%; p=0,06). Isso deve ser interpretado com precaução, já que o estudo COLOR não teve o poder estatístico para mostrar diferenças em eventos clínicos.
Título original: Randomized Comparison Between Radial and Femoral Large-Bore Access for Complex Percutaneous Coronary Intervention.
Referência: Thomas A Meijers et al. JACC Cardiovasc Interv. 2021 May 7;S1936-8798(21)00513-6. Online ahead of print. doi: 10.1016/j.jcin.2021.03.041.
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