Conforme este novo documento da American Heart Association (AHA) as troponinas deveriam ser monitoradas por um período de pelo menos 3 dias após a cirurgia.
Com cerca de 20% dos pacientes mostrando uma elevação de troponinas após uma cirurgia não cardíaca (a maioria dos quais não apresenta sintomas), a AHA lança um novo documento recomendando o monitoramento por pelo menos 2 dias nos pacientes com isquemia moderada a severa.
No ano 2014, pela primeira vez a injúria miocárdica após uma cirurgia não cardíaca foi associada a um aumento da mortalidade. Nesse momento interpretou-se que o gatilho de ditos eventos poderia ser uma maior carga de fatores de risco, incluindo o fato de o paciente ter mais de 75 anos, ter apneia do sono, anemia, insuficiência cardíaca, diabetes e hipertensão.
A moral da história, e do trabalho que aqui nos ocupa, seria que a injúria miocárdica pós-cirurgia não cardíaca é frequente, silente e mortal, motivo pelo qual deve ser levada em conta.
A evidência que temos hoje é que os pacientes que desenvolvem injúria apresentam uma taxa de mortalidade 4 vezes superior em 30 dias e ao redor de 90% dessa população não tem sintomas identificáveis.
Devido ao fato de a maioria dos pacientes desenvolverem os sintomas dentro das 24 horas, o documento sugere medir troponinas por entre 48 a 72 horas em pacientes com risco de moderado a alto.
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A ideia de realizar testes evocadores de isquemia prévios à cirurgia não cardíaca nos deixava sem ter o que fazer se depois um paciente com estudos normais desenvolvia injúria. Agora podemos entender a elevação para reestratificar os pacientes e reduzir seu risco futuro.
A injúria pós-cirurgia deve terminar em um encaminhamento direto ao cardiologista para avaliar a indicação de aspirina e todas as mudanças do estilo de vida. Isso deveria ser interpretado como prevenção secundária.
CIR-0000000000001024Título original: Diagnosis and management of patients with myocardial injury after noncardiac surgery: a scientific statement from the American Heart Association.
Referência: Kurt Ruetzler et al. Circulation. 2021 Oct 4;CIR0000000000001024. Online ahead of print. doi: 10.1161/CIR.0000000000001024.
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