A Síndrome de Takotsubo (STT) se caracteriza por uma insuficiência cardíaca aguda que é reversível em muitas ocasiões, mas se associa a morbidade e mortalidade a curto e longo prazo.
É mais frequente nas mulheres, especialmente após a menopausa. No entanto, não foi analisada a evolução desta miocardiopatia com relação ao gênero.
Fez-se uma análise do Registro GEIST na qual foram incluídos 2492 pacientes com STT. Dentre eles, 286 eram homens (11%).
Os homens eram de faixa etária mais baixa (69 vs. 71; p = 0,005), apresentavam maior índice de tabagismo, diabete, doença pulmonar e câncer. Além disso, evidenciaram mais dispneia e menor dor precordial em comparação com as mulheres.
O fenômeno que desencadeou o STT foi mais físico nos homens e mais emocional nas mulheres.
Não houve diferença no ECG mas sim na fração de ejeção, que foi menor nos homens (38% vs. 40%; p = 0,001).
Os homens apresentaram mais frequentemente choque cardiogênico (19% vs. 8%; p < 0,001), mortalidade hospitalar (7% vs. 2%; p < 0,001) e estadia hospitalar.
Realizou-se um propensity score matching, ficando 207 pacientes em cada grupo: os homens evidenciaram mais choque cardiogênico e mortalidade (16% vs. 6%; p = 0,002 e 8% vs. 3%; p = 0,003, respectivamente).
No seguimento de longo prazo a mortalidade foi de 4,3% pacientes/ano, sendo mais alta nos homens (10% vs. 3,8% pacientes/ano na série completa e de 11,5% vs. 6,1% pacientes/ano na coorte emparelhada). Em 60 dias de seguimento a mortalidade foi maior nos homens, mas o mesmo não foi observado na coorte emparelhada.
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Na análise multivariada observou-se que o sexo masculino foi preditor de mortalidade hospitalar e também no seguimento.
Conclusão
A Síndrome de Takotsubo se caracteriza por um alto risco nos homens, requerendo um controle hospitalar e no seguimento a longo prazo muito mais estritos.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Gender Differences in Takotsubo Syndrome.
Referência: Luca Arcari, J Am Coll Cardiol 2022;79:2085–2093.
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