Tromboendarterectomia vs. terapia endovascular em território femoral comum. O tratamento cirúrgico continua sendo o “gold standard” nesse território?

Nas lesões da artéria femoral comum a endarterectomia cirúrgica (TEA) é recomendada nos últimos guias como o método “gold standard”. O tratamento endovascular (EVT), no entanto, é uma opção alternativa como método de abordagem dessas lesões.

Tromboendarterectomia vs terapia endovascular en territorio femoral común ¿Sigue siendo el ¨gold standard¨el tratamiento quirúrgico en este territorio?

Em 2017 realizou-se o primeiro estudo randomizado que comparou TEA vs. EVT, evidenciando que o EVT apresenta benefícios clínicos mas não substitui o tratamento cirúrgico como a primeira opção de tratamento. 

O objetivo deste estudo multicêntrico e retrospectivo foi comparar os resultados clínicos entre o EVT vs. TEA no tratamento das lesões na artéria femoral comum. 

O desfecho primário (DP) foi a perda da perviedade definida por doppler ou ≥ 50% de reestenose em 1 ano de seguimento. O desfecho secundário (DP) incluiu complicações periprocedimento, duração da hospitalização e reintervenção endovascular ou cirúrgica. 

Foram analisados 1193 pacientes, 761 dos quais foram tratados com EVT e 432 com TEA. A idade média foi de 74 anos e a maioria dos pacientes eram homens. O tabagismo e a diabetes foram os fatores de risco mais frequentes. No grupo EVT, a metade dos pacientes foram submetidos a angioplastia com balão e em 23% dos casos se implantou stent. Usou-se ultrassonografia intravascular em 59% dos casos. No grupo TEA os pacientes apresentavam lesões mais complexas, alta porcentagem de Rutherford 5 e lesões suboclusivas e oclusivas. 

Leia também: Claudicação Intermitente: o tratamento invasivo é superior ao tratamento farmacológico?

O DP em 1 ano foi mais alto no grupo TEA (82,3% vs. 96,6%; p < 0,001). O risco de reestenose foi mais frequente no grupo EVT em pacientes ambulatoriais. Os pacientes não ambulatoriais, entretanto, apresentavam menos risco de reestenose em comparação com os ambulatoriais (estatisticamente não significativo). A taxa de reintervenção foi mais alta no grupo TEA (89,2% vs. 97,0%; p = 0,002). Não houve, contudo, diferenças na sobrevida e na recuperação da extremidade. As complicações perioperatórias foram mais frequentes no grupo cirúrgico e a estadia hospitalar foi mais longa neste mesmo grupo. 

Conclusão

A TEA demostrou eficácia e segurança em um ano de seguimento neste estudo multicêntrico, motivo pelo qual essa terapêutica continua sendo o “gold standard” de tratamento. Em pacientes não ambulatoriais, o EVT pode ser uma estratégia terapêutica alternativa. 

Dr. Andrés Rodríguez

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: 1-Year Outcomes of Thromboendarterectomy vs Endovascular Therapy for Common Femoral Artery Lesions CAULIFLOWER Study Results.

Referência: Tatsuya Nakama, MD et al J Am Coll Cardiol Intv 2022.


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