De acordo com os últimos relatórios, as intervenções coronarianas percutâneas melhoraram na última década com uma taxa de até 15% de falha no vaso tratado (TVF) em 5 anos. Já são conhecidos os benefícios da avaliação funcional da lesão mediante FFR e seus resultados clínicos.
Além disso, em pacientes com FFR pós-ATC com valores baixos (FFR ≤ 0,83/≤ 0,91) se associaram a maior taxa de eventos adversos cardiovasculares maiores (MACE). Alguns estudos observacionais demonstraram que o valor de FFR pós-ATC pode aumentar com o acréscimo de um stent ou com a pós-dilatação. No entanto, esses estudos não foram desenhados nem têm o poder de detectar dito incremento.
O objetivo deste estudo randomizado, de um só centro, foi avaliar se a otimização guiada por IVUS pós-FFR < 0,90 reduz a taxa de TVF em 1 ano em comparação com o tratamento padrão.
O desfecho primário (DP) foi TVF em 1 ano definida como uma combinação de morte cardíaca, IAM no vaso tratado e revascularização pela clínica (CD-TVR). O desfecho secundário (DS) foi definido como mortalidade por todas as causas, IAM, revascularização, MACE, AVC e trombose do stent.
Randomizaram-se 291 pacientes com FFR < 0,90, dentre os quais 145 foram designados a otimização por IVUS e 146 foram ao grupo controle. A idade média foi de 66 anos e a maioria dos pacientes eram homens. O apresentação clínica mais frequente foi a angina estável. A artéria descendente anterior foi o vaso tratado na maioria dos casos, e a lesão coronariana tipo B2/C foi mais frequente no grupo IVUS, resultando em mais stents e stents mais longos. A média de FFR pós-ATC foi de 0,84 ± 0,05.
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No grupo IVUS, a subexpansão do stent se encontrou em 62% dos vasos, ao passo que lesões focais residuais foram encontradas em 14% no extremo proximal e 16% no extremo distal. Somente 9% dos vasos cumpriram os critérios de otimização de stent segundo o estudo ULTIMATE.
Na análise realizada no grupo IVUS, 68% dos vasos precisaram de tratamento adicional, tendo sido necessária somente pré-dilatação em 33% deles (cenário 1), stent adicional em 34%, 16% dos quais sem pós-dilatação (cenário 2) e 18% de stent adicional e otimização com pós-dilatação (cenário 3). Dentre os vasos que necessitaram de stent adicional, 19% foram implantados no extremo distal, 11% no extremo proximal e 3% em ambos os extremos.
A média de FFR pós-ATC no grupo IVUS aumentou após o tratamento adicional de forma significativa (0,82 ± 0,06 a 0,85 ± 0,05; p < 0,001), e dito aumento foi significativamente maior que no grupo controle. Após a otimização, 20% dos pacientes apresentaram FFR > 0,90. O FFR final aumentou significativamente nos três cenários mas o maior aumento se observou no grupo no qual o stent adicional foi implantado (p = 0,011). Em relação à análise do grupo IVUS, observou-se que o implante de stent resultou em um aumento da área luminal mínima em comparação com os vasos nos quais não foram implantados stents (p < 0,05).
O tempo de procedimento, a quantidade de contraste e o tempo de fluoroscopia foi maior no grupo IVUS.
Não houve diferenças no DP com um TVF em 1 ano de 4,2% no grupo IVUS vs. 4,8% no grupo controle (p = 0,79). Observou-se uma tendência a uma menor taxa de CD-TVR no grupo IVUS (0,7% vs. 4,2%; p = 0,06). Finalmente, não se observou TVF com FFR pós-ATC > 0,90 após a otimização.
Conclusão
Apesar da falta de poder inerente ao estudo, a estratégia de otimização guiada por IVUS após um FFR pós-ATC ≤ 0,90 não afetou a TVF em 1 ano em comparação com o tratamento padrão. Observou-se um aumento nos resultados da avaliação fisiológica e um aumento da área luminal mas sem uma correlação com benefício clínico.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: FFR-Guided PCI Optimization Directed by High-Definition IVUS Versus Standard of Care. The FFR REACT Trial.
Referência: Tara Neleman et al J Am Coll Cardiol Intv 2022;15:1595–1607.
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