Não há dúvida de que o tratamento da síndrome coronariana aguda com elevação do ST (SCACEST) é a terapia de reperfusão com angioplastia primária (PCI), bem como o pré-tratamento com antiagregantes mais potentes têm o seu lugar como parte da terapia do SCA. Em alguns centros se realiza também pré-tratamento com heparina não fracionada (HNF) antes da chegada do pacientes à sala de cateterismo, com o objetivo de reduzir a carga trombótica.
Posteriormente à sua administração sistemática, em geral alcançam seu efeito máximo dentro de minutos. No entanto, possui uma vida média curta de 1-2 horas. Os guias atuais recomendam seu uso na sala de hemodinâmica, com um adequado controle do tempo de coagulação ativa (ACT).
O objetivo deste estudo foi pesquisar os riscos relativos em desfechos clínicos do pré-tratamento com HNF, incluindo a oclusão coronariana no momento de realizar a cinecoronariografia, a mortalidade em 30 dias e os sangramentos maiores intra-hospitalares. A coorte estuda foi a do registro de angiografia coronariana e angioplastia sueco (SCAAR). A dose de HNF mais usada foi de 5000 UI.
Foi incluído um total de 41.631 pacientes: 16.026 (38%) receberam pré-tratamento e 25.605 (62%) não o receberam. A idade média foi de 67 anos, 71% da população estava composta de homens. Da coorte total, 66% apresentou oclusão coronariana, 6,5% morreram no período de 30 dias e 2,1% apresentou algum tipo de sangramento maior intra-hospitalar.
O pré-tratamento mostrou uma diminuição do risco de 11% RR 0,89 (IC 95% 0,87-0,90), para mortalidade de 0,87 (IC 95% 0,77-0,99) e um risco maior de sangramento de 1,01 (IC 95% 0,86-1,18). Foi feito um escore de propensão para oclusão coronariana e outra para mortalidade e sangramento. A diferença do risco absoluto de oclusão coronariana foi significativamente menor com o pré-tratamento, -0.087 (IC 95% -0,074 a -0,099) e para mortalidade -0,011 (-0,017 a -0,0041).
Conclusões
Neste registro sueco, com uma amostra de muitos pacientes, evidenciou-se uma redução de 11% de oclusão coronariana em pacientes com SCACEST, o que significa um número necessário a tratar de 12, sem aumentar significativamente o risco de sangramento. Esses dados coincidem com estudos prévios. A relevância deste estudo está relacionada com a quantidade de pacientes incluídos.
O estudo apresenta como limitação o fato de ser observacional, além de o momento da heparina não ter sido especificado, motivo pelo qual a estratégia estudada deveria ser respaldada com um estudo randomizado.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Fonte: Emilsson, Oskar Love et al. “Pretreatment with heparin in patients with ST-segment elevation myocardial infarction: a report from the Swedish Coronary Angiography and Angioplasty Registry (SCAAR).” EuroIntervention : journal of EuroPCR in collaboration with the Working Group on Interventional Cardiology of the European Society of Cardiology, EIJ-D-22-00432. 29 Aug. 2022, doi:10.4244/EIJ-D-22-00432.
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