Apesar da realização da substituição da valva aórtica em pacientes com estenose aórtica severa sintomática, os pacientes continuam apresentando insuficiência cardíaca (IC), mesmo quando o procedimento de substituição foi bem-sucedido.
De acordo com alguns relatos, a incidência de IC após o TAVI varia de 9% a 24%. A importância prognóstica das re-hospitalizações nesses pacientes não foi estudada e, pior ainda, não está claro se ditos eventos são transitórios ou se poderiam ser considerados importantes marcadores para identificar pacientes que têm maior risco de apresentar piores resultados a longo prazo.
O objetivo deste subestudo do PARTNER I, II e III foi avaliar, mediante um questionário, o risco de re-hospitalização após o implante da valva aórtica e sua associação com a mortalidade e o estado de saúde.
A análise primária foi a hospitalização por IC no período de 1 ano após o procedimento e sua associação com mortalidade, pobre prognóstico no seguimento e estado de saúde. A análise secundária foi o exame da associação prognóstica da re-hospitalização devido a uma combinação de IC, causas relacionadas com a válvula ou com o procedimento.
Foram incluídos 3403 pacientes, dentre os quais 1395 foram submetidos a substituição mediante cirurgia e 2008 mediante TAVI. A maioria dos pacientes foram categorizados como sendo de risco intermediário (49,1%), seguidos de baixo risco (27,8%). Em 1 ano, 86% dos pacientes estavam vivos sem IC, 5,4% estavam vivos com IC e 8,5% tinham falecido.
Leia também: Evolução a longo prazo da estratégia de revascularização coronariana híbrida.
A incidência acumulada de IC no período de um ano após a intervenção foi de 6,7% e a incidência acumulada de re-hospitalização devido a uma combinação de IC por causas relacionadas com a válvula ou com o procedimento foi de 9,7% em 1 ano.
A hospitalização por IC no período de 1 ano após o procedimento foi um fator independente associado a um incremento da mortalidade (HR: 3.97; 2,48-6,36, p < 0,001), a mal prognóstico no seguimento (OR: 2,76; 1,73-4,40; p < 0,001) e a um pior estado de saúde (p < 0,001). Não houve diferenças no que se refere ao tipo de tratamento realizado (cirurgia ou TAVI).
Conclusão
Com base nos dados dos estudos PARTNER, a hospitalização por IC e a re-hospitalização por IC relacionada com a válvula ou com o procedimento estão associadas a mal prognóstico e pior estado de saúde independentemente da estratégia terapêutica utilizada.
A re-hospitalização deveria ser considerada um evento para analisar os resultados nos ensaios clínicos sobre os diferentes tratamentos no âmbito da valva aórtica.
Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Rehospitalization Events After Aortic Valve Replacement: Insights From the PARTNER Trial.
Referência: Chetan P. Huded et al Circ Cardiovasc Interv. 2022;15:e012195.
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos