Dissecção aórtica tipo B não complicada

Avaliação de mortalidade, intervenções e internações em pacientes com dissecção aórtica tipo B com TEVAR. 


Mais de 60% das dissecções aórticas tipo B se apresentam sem sinais de complicação. Ditas manifestações podem ser sinais iminentes de ruptura ou má perfusão já estabelecida. 

Disección aórtica tipo B no complicada

A maioria das dissecções aórtica não complicadas (DANC) têm sido abordadas com tratamento médico, com os objetivos de um bom manejo da dor e de estabelecer medidas “anti-impulso” com controle de pressão arterial e frequência cardíacas a fim de evitar a propagação do flap. Nesse sentido, a reparação torácica endovascular (TEVAR) fica reservada para os casos que apresentam complicações ou aqueles nos quais não há controle dos sintomas. 

Há situações clínicas em que a TEVAR é feita de maneira profilática com a finalidade de prevenir eventos de mortalidade e eventos tardios. No entanto, seu papel não foi bem padronizado pelos guias internacionais.  

O objetivo deste estudo foi descrever os padrões de uso da TEVAR durante os 30 dias de hospitalização em pacientes que apresentam dissecções aórticas agudas não complicadas e comparar os desfechos com o tratamento médico padrão. 

De maneira retrospectiva, foram analisados os dados do Medicare de pacientes com mais de 65 anos internados por DANC entre 2011 e 2019. Foram excluídos pacientes com ruptura aórtica, má perfusão arterial, AVC, paraplegias e parestesias. 

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O desfecho primário (DP) foi a mortalidade por todas as causas. Os desfechos secundários (DS) foram a hospitalização relacionada com a patologia aórtica, intervenção aórtica e internações cardiovasculares. 

Foram obtidos dados individuais de 7105 pacientes com DANC, dentre os quais 1140 foram submetidos a TEVAR (16%). 54,6% dos pacientes eram do sexo feminino. Os pacientes submetidos a TEVAR inicial eram mais jovens (idade média de 74 anos vs. 76 anos) e apresentaram menos comorbidades, como insuficiência cardíaca (9,8% vs. 12,7%; p = 0,007), doença valvar (6,8% vs. 9,4%; p = 0,006) ou fragilidade (6,3% vs. 8,9%; p ≤ 0,001). 

Em 39,3% das instituições foi observado um volume baixo de procedimentos (≤ 11 TEVAR por ano). 

Depois de uma ponderação pelo inverso da probabilidade (IPWE) observou-se uma mortalidade similar em ambas as estratégias no seguimento de 1 ano (HR 1,05, IC 95% 0,89-1,24; p = 0,58) e de 5 anos (HR 0,95, IC 95% 0,85-1,06; p = 0,36), assim como em hospitalizações relacionadas com a aorta (HR 1,12, IC 95% 0,99-1,27; p = 0,08). 

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Posteriormente, ao realizar uma análise de sensibilidade que incluiu morte em 30 dias, a TEVAR inicial se associou com menor mortalidade no primeiro (aHR 0,86, IC 95% 0,75-0,99; p = 0,03) e quinto ano de seguimento (aHR 0,87, IC 95% 0,0-0,96; p = 0,004).

Por sua vez, na análise de desfechos secundários foi observado maior índice de AVC no grupo TEVAR (2,2% vs. 1.2% ao ano e 7% vs. 4,4% em 5 anos [p ≤ 0,001]). 

Conclusões

Nesta coorte de pacientes analisados, foi observada uma significativa morbimortalidade nos pacientes com DANC, com hospitalizações aórticas (média 31,4%) e intervenções aórticas (15,4% em média) no seguimento. Ao analisar o DP não foram observadas diferenças significativas em termos de mortalidade, hospitalizações ou intervenções aórticas, dados que, ao contrário, foram observados ao realizar a análise de sensibilidade. 

Dr. Omar Tupayachi

Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Initial Thoracic Endovascular Aortic Repair vs Medical Therapy for Acute Uncomplicated Type B Aortic Dissection.

Referência: Weissler EH, Osazuwa-Peters OL, Greiner MA, Hardy NC, Kougias P, O’Brien SM, Mark DB, Jones WS, Secemsky EA, Vekstein AM, Shalhub S, Mussa FF, Patel MR, Vemulapalli S. Initial Thoracic Endovascular Aortic Repair vs Medical Therapy for Acute Uncomplicated Type B Aortic Dissection. JAMA Cardiol. 2023 Jan 1;8(1):44-53. doi: 10.1001/jamacardio.2022.4187. PMID: 36334259; PMCID: PMC9637274.


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