A insuficiência mitral aguda depois de um infarto agudo do miocárdio (IAM) devido à ruptura do músculo papilar é pouco comum, com uma incidência de aproximadamente 0,05% a 0,25%, associando-se, no entanto, a alta mortalidade, que oscila entre 36% e 80%.
As pautas atuais recomendam a cirurgia como tratamento, mas em muitos casos o risco é proibitivo ou muito elevado, com uma mortalidade que varia entre 21% e 53%, segundo os dados disponíveis.
O tratamento “borda a borda” demonstrou ser seguro, efetivo e benéfico, e poderia ser considerado uma estratégia nesse cenário. Existe, entretanto, uma escassez de informação sobre o tema.
Neste estudo foi levada a cabo uma análise de 22 pacientes que apresentaram um IAM complicado com ruptura do músculo papilar, sendo 17 deles casos de infarto agudo do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMST).
A idade média dos pacientes foi de 74 anos, 13 eram homens, em 10 casos ocorreu uma ruptura completa do músculo papilar e em 15 casos o músculo afetado foi o posteromedial. 19 dos pacientes apresentaram choque cardiogênico, 3 desenvolveram edema pulmonar agudo, 16 receberam inotrópicos e todos estavam utilizando dispositivos de assistência ventricular.
O implante do dispositivo MitraClip foi bem-sucedido em todos os pacientes, sendo 17 deles tratados com 2 clips. Nenhum dos pacientes apresentou uma insuficiência mitral moderada ou severa e foi observado um gradiente residual médio de 3,7 mmHg.
Durante a estância hospitalar, ocorreram 4 falecimentos (dois devido à sepse e dois por insuficiência cardíaca), e um paciente sofreu um choque cardiogênico. 14 pacientes receberam acompanhamento durante um período médio de 2,5 meses (com um intervalo de 1 a 6 meses). Durante dito período, 2 pacientes faleceram e 2 apresentaram insuficiência mitral moderada, mas nenhum desenvolveu insuficiência mitral severa.
Conclusão
Esta análise demonstra que a abordagem de tratamento “borda a borda” é segura e efetiva para o manejo da insuficiência mitral depois de um infarto agudo do miocárdio. Esta série de casos informa uma redução significativa da gravidade da insuficiência mitral, com uma mortalidade hospitalar relativamente baixa e uma baixa taxa de complicações. São necessários estudos dedicados para confirmar o papel do tratamento “borda a borda” nesta população de alto risco e para avaliar os resultados a longo prazo.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: Transcatheter edge‐to‐edge mitral valve repair for post‐myocardial infarction papillary muscle rupture and acute heart failure: A systematic review.
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