A estenose aórtica (EAO) é uma doença progressiva associada à morbimortalidade, especialmente em casos severos. No entanto, estudos recentes revelaram que a estenose moderada também pode ter consequências desfavoráveis na evolução da doença.
Um dos desafios aos quais nos enfrentamos radica na dificuldade ocasional para determinar sua gravidade devido a discrepâncias entre a área valvar, o gradiente e a velocidade pico, o que pode gerar confusões a respeito da presença de sintomas.
Em um estudo que incluiu 595.120 pacientes, identificou-se que 70.778 (11,9%) apresentavam algum grau de EAO. Dentre eles, 48,9% tinham estenose leve (L), 8,2% de leve a moderada (L/M), 20,6% moderada (M), 5,2% de moderada a severa (M/S) e 17,1% severa (S).
À medida que a EAO se tornava mais severa, observou-se um incremento na idade e nos fatores de risco como hipertensão, diabetes, fibrilação atrial, doença coronariana, infarto, ATC, CRM, DPOC, câncer, fração de ejeção inferior a 50%, menor área valvar aórtica, menor gradiente e maior presença de insuficiência de valvas atrioventriculares.
Depois de quatro anos de seguimento, a mortalidade daqueles que não receberam tratamento foi de 13,5% (IC de 95%: 13,3%-13,7%) para aqueles sem EAO, e para aqueles com EAO leve, leve a moderada, moderada, moderada a severa e severa foi de 25,0%, 29,7%, 33,5%, 45,7% e 44,9%, respectivamente. Já nos pacientes que receberam tratamento, a mortalidade foi de 0,2%, 1,0%, 4,2%, 11,4%, 36,7% e 60,7%, respectivamente.
Na análise multivariada ajustada, a estenose aórtica não tratada, independentemente do grau, se associou com um aumento na mortalidade.
Conclusão
Em síntese, os pacientes com estenose aórtica enfrentam um risco significativo de mortalidade em todos os níveis de gravidade sem tratamento. Apesar disso, a substituição valvar aórtica continua sendo baixa em casos de estenose aórtica severa, o que indica a necessidade de mais investigações para melhor compreender as barreiras diagnósticas e definir o momento adequado para realizar a substituição valvar aórtica.
Dr. Carlos Fava.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título Original: The Mortality Burden of Untreated Aortic Stenosis.
Referência: Philippe Généreux, et al. J Am Coll Cardiol 2023;82:2101–2109.
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