Registro KODRA: acesso radial distal como opção principal em procedimentos coronarianos

As primeiras experiências com o acesso radial distal (DRA) revelaram benefícios significativos quando comparados com o acesso transradial (TRA), evidenciando uma redução em eventos de sangramento e também um menor índice de oclusão do ponto de punção. Chama atenção, inclusive, o fato de o espectro de patologias tratadas por meio dessa via ter se ampliado, incluindo oclusões totais crônicas (CTO), utilizando-se para tal introdutores de 7Fr, como os Glidesheath Slender, da Terumo.

Función de la mano luego del acceso radial distal, ¿es seguro?

O objetivo do estudo apresentado por Lee et al foi avaliar a segurança e a factibilidade do DRA em procedimentos coronarianos em um ambiente de “real world”. A análise se baseou no registro KODRA (Korean Prospective Registry for Evaluating the Safety and Efficacy of Distal Radial Approach), que incluiu pacientes a partir dos 20 anos com uma artéria radial distal palpável (o pulso foi classificado como muito bom-bom e débil). Foram excluídos os pacientes com teste de Allen modificado positivo, mulheres grávidas ou em período de lactância. 

A escolha entre DRA direito ou esquerdo ficou a critério do operador, sendo utilizado em 60% dos casos o lado esquerdo e em 40% o lado direito. Após a administração de lidocaína, fez-se a punção com agulha 20 g na fossa radial ou no dorso da mão, permitindo-se a punção guiada por ecografia. Posteriormente, foi levada a cabo a coronariografia com ou sem angioplastia conforme o protocolo local, recomendando compressão com pressão ótima e durante o tempo mínimo necessário. 

As complicações do acesso incluíram oclusão radial distal (DRAO), oclusão radial (RAO), adormecimento, incômodos e inchaço. Os desfechos investigados foram a porcentagem de sucesso na coronariografia e na angioplastia coronariana. Os desfechos secundários abrangeram o índice de sucesso em punção distal, crossover, tempo de punção, tempo de hemostasia, sangramento e a escala EASY para avaliar hematomas. 

Leia também: Subanálise do REVIVED-BCIS2: A Viabilidade Miocárdica Modifica o Prognóstico na Intervenção de Cardiomiopatias isquêmicas?

Entre setembro de 2019 e setembro de 2021, 4977 pacientes de 11 hospitais da Coreia do Sul foram incluídos no estudo. A idade média foi de 66,4 ±11,9 anos, com 67,6% de pacientes do sexo masculino. 7,2% dos pacientes apresentavam doença renal crônica e 2,5% estavam em diálise. A principal indicação para o procedimento foi a angina estável (26,2%), seguida de angina instável (22,2%), IAM sem elevação do ST (10,6%) e IAMCEST (4,5%). 

Houve 6,7% de crossover do ponto de punção (4,2% a radial do mesmo lado e 1,3% a acesso femoral), sendo a principal causa a falha na punção. 

O sucesso do índice de punção por DRA foi de 94,4%, com um tempo médio de punção de 60 segundos, sendo a fossa radial foi a principal zona de punção (84,4%). Os pacientes incluídos geralmente apresentaram um pulso muito bom-bom (86,4%). No tocante ao procedimento, o índice de sucesso na realização de coronariografia foi de 100%, caindo para 98,8% no caso das angioplastias. As causas de falha incluíram 8 tentativas de CTO, 3 casos de crossover fracassados e um caso de ruptura arterial por balão. 

Leia também: Evolução do TAVI em 10 anos nos pacientes de baixo risco.

Em média, aproximadamente 5,3% dos acessos apresentaram complicações. Os eventos de sangramento ocorreram em 3,3% dos casos (BARC-1 1,1% e BARC-2 2,2%), e a ocorrência de hematoma segundo EASY 1a foi de 3,1%, principalmente dentro dos 2 cm da área da punção. Só foram observados 7 casos de hematoma para além da mão, com um caso de inchaço no antebraço. Em um mês de acompanhamento, a incidência de DRAO foi de 1,1%, do mesmo modo que a de RAO (também de 1,1%, em ambos os casos verificados com doppler). Como efeito adverso do procedimento, 0,9% dos pacientes apresentaram adormecimento prolongado durante o primeiro mês. 

Ao realizar a regressão logística, foram identificados como preditores de punção fracassada a presença de pulso débil (OR: 9,994; 95% CI: 7,252-13,774) e a experiência escassa em DRA (< 100 casos) (OR: 2,187; 95% CI: 1,383-3,456).

Conclusões

A análise do DRA como abordagem primária, por meio do registro KODAS, revelou um índice de sucesso muito bom, sendo de 100% para procedimentos diagnósticos e de 98,8% para procedimentos terapêuticos, com um baixo índice de DRAO e RAO (0,8% em um mês mediante apalpação). A segurança é confiável, com somente 3,3% de sangramentos menores (BARC 1 e 2). 

Dr. Omar Tupayachi

Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Distal Radial Access for Coronary Procedures in a Large Prospective Multicenter Registry. The KODRA Trial.

Referência: Lee JW, Kim Y, Lee BK, Yoo SY, Lee SY, Kim CJ, Jin HY, Park JS, Heo JH, Kim DH, Lee JB, Kim DK, Bae JH, Lee SY, Lee SH. Distal Radial Access for Coronary Procedures in a Large Prospective Multicenter Registry: The KODRA Trial. JACC Cardiovasc Interv. 2024 Feb 12;17(3):329-340. doi: 10.1016/j.jcin.2023.11.021. PMID: 38355261.


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