Resultados do estudo ISCHEMIA: existem diferenças segundo o sexo?

São conhecidas as disparidades na fisiopatologia da doença coronariana e sua manifestação clínica nos homens e nas mulheres. O estudo ISCHEMIA (International Study of Comparative Health Effectiveness with Medical and Invasive Approaches) revelou que durante um período de 3,2 anos, não foram observadas diferenças em termos de incidência de eventos isquêmicos entre a estratégia invasiva (INV) e a conservadora (COM). Contudo, os efeitos segundo o sexo não foram relatados. 

Subutilización del tratamiento médico en enfermedad vascular periférica

O propósito desta análise post hoc do ISCHEMIA, estudo multicêntrico e randomizado, foi comparar a associação entre o sexo, a probabilidade e modalidade de revascularização no grupo INV, examinar o impacto da designação aos grupos INV e CON no desfecho primário (DP) de acordo com o sexo, e também avaliar a contribuição dos componentes individuais do DP entre homens e mulheres. 

O DP compreendeu uma combinação de morte por causa cardiovascular, infarto agudo do miocárdio (IAM), hospitalização por angina instável, insuficiência cardíaca ou parada cardíaca reanimada. 

Dos 5.179 pacientes, 22,6% eram mulheres. As mulheres eram de faixa etária mais elevada e apresentavam uma maior prevalência de hipertensão e diabetes. O sexo feminino esteve associado de forma independente a uma menor probabilidade de revascularização no grupo INV (OR 0,75, IC de 95%: 0,57-0,99; p = 0,04). 

Leia Também: Estudo TENDER, evolução em um ano.

Considerando o grupo INV vs. CON, o DP foi similar entre homens e mulheres (mulheres: HR 0,96, IC de 95%: 0,70-1,33; homens: HR 0,90, IC de 95%: 0,76-1,07; p de interação = 0,71). No tocante à análise individual dos componentes do DP, houve semelhanças entre os sexos, exceto no que diz respeito à incidência de IAM periprocedimento, que foi significativamente menor entre as mulheres (5,9%) do que entre os homens (12,9%) (p = 0,01). 

Conclusão 

No estudo ISCHEMIA, as mulheres apresentaram uma menor taxa de revascularização quando foram designadas ao grupo INV. A semelhança nos resultados cardíacos entre INV e CON se confirmou tanto em homens quanto em mulheres. No entanto, as mulheres experimentaram uma menor incidência de IAM periprocedimento do que os homens. 

Dr. Andrés Rodríguez

Dr. Andrés Rodríguez.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.

Título Original: Outcomes by sex in the International Study of Comparative Health Effectiveness With Medical and Invasive Approaches (ISCHEMIA) trial.

Referência: Mario Gaudino MD, MSCE, PhD et al EuroIntervention 2024;20:e1-e10.


Subscreva-se a nossa newsletter semanal

Receba resumos com os últimos artigos científicos

Mais artigos deste autor

Revascularização coronariana guiada por iFR vs. FFR: resultados clínicos em seguimento de 5 anos

A avaliação das estenoses coronarianas mediante fisiologia coronariana se consolidou como uma ferramenta crucial para guiar a revascularização. As duas técnicas mais empregadas são...

ACC 2025 | WARRIOR: isquemia em mulheres com doença coronariana não obstrutiva

Aproximadamente a metade das mulheres sintomáticas por isquemia que se submetem a uma coronariografia apresentam doença coronariana não significativa (INOCA), o que se associa...

Pacientes com alto risco de sangramento após uma ATC coronariana: são úteis as ferramentas de definição de risco segundo o consórcio ARC-HBR e a...

Os pacientes submetidos ao implante de um stent coronariano costumam receber entre 6 e 12 meses de terapia antiplaquetaria dual (DAPT), incluindo esta um...

Principais estudos do segundo dia do ACC 2025

BHF PROTECT-TAVI (Kharbanda RK, Kennedy J, Dodd M, et al.)O maior ensaio randomizado feito em 33 centros do Reino Unido entre 2020 e 2024...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Revascularização coronariana guiada por iFR vs. FFR: resultados clínicos em seguimento de 5 anos

A avaliação das estenoses coronarianas mediante fisiologia coronariana se consolidou como uma ferramenta crucial para guiar a revascularização. As duas técnicas mais empregadas são...

TAVI em anel pequeno: que válvula devemos utilizar?

Um dos principais desafios na estenose aórtica severa são os pacientes que apresentam anéis valvares pequenos, definidos por uma área ≤ 430 mm². Esta...

ACC 2025 | WARRIOR: isquemia em mulheres com doença coronariana não obstrutiva

Aproximadamente a metade das mulheres sintomáticas por isquemia que se submetem a uma coronariografia apresentam doença coronariana não significativa (INOCA), o que se associa...