O implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) e a substituição cirúrgica da valva aórtica (SAVR) demonstraram desfechos similares em pacientes com sintomas de estenose aórtica (de risco alto e intermediário) em termos de sobrevivência em seguimento de 5 anos.
Ao avaliar a qualidade de vida (QoL) dos pacientes de alto risco tratados com uma ou a outra estratégia de tratamento não foram observadas diferenças significativas em 5 anos. A partir de dita premissa, o grupo dirigido por N. Kleiman et al. analisou os resultados do seguimento do estudo SURTAVI.
O mencionado estudo incluiu pacientes com um risco intermediário de mortalidade em seguimento de 30 dias segundo o STS, designando-os aleatoriamente a TAVI com válvula autoexpansível ou a cirurgia. Avaliou-se o estado de saúde utilizando-se o Kansas City Cardiomyopathy Questionnaire (KCCQ), validado para pacientes com estenose aórtica, além dos escores 5EQ e SF-36.
Dentre os 1660 pacientes inscritos no SURTAVI, foram comparados os dados de 805 pacientes submetidos a TAVI (unicamente com acesso transfemoral) e 779 a SAVR. Em comparação com o estado basal, os pacientes submetidos a TAVI mostraram uma melhora significativa no KCCQ em 30 dias (mudança média de 19 pontos; IC de 95%: 17,4-20,6; p < 0,001). Dita diferença persistiu em 5 anos, embora com um efeito menor que no princípio (mudança média de 15,4 pontos; IC de 95%: 13,0-17,7; p < 0,001).
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Os pacientes tratados com SAVR experimentaram somente uma melhora leve em 30 dias (mudança média de 5,9 pontos; IC de 95%: 3,9-7,9; p < 0,001). No entanto, dita melhora se incrementou em 6 meses e manteve-se até os 5 anos (mudança média de 21,3; IC de 95%: 19,6-23,0; p < 0,001). Os escores 5D e SF-36 mostraram tendências similares.
Ao analisar os grupos, observou-se uma diferença significativa em 30 dias em termos da mudança do KCCQ-OS entre TAVI e SAVR (diferença de 13,11; p < 0,01). Contudo, tal diferença se nivelou ao serem avaliados os resultados no sexto mês de seguimento (diferença de –0,41; p = 0,75). Ao avaliar os dias sobrevividos fora do hospital (DAOH), a média de dias foi significativamente maior no grupo TAVI (1459 ± 558 dias vs. 1384 ± 599 dias; p = 0,01).
Conclusões
Tanto os pacientes submetidos a TAVI quanto aqueles submetidos a SAVR experimentaram melhoras significativas no estado de saúde em comparação com o estado basal. Como era de se esperar, a melhora da qualidade de vida foi maior no seguimento de 30 dias no grupo TAVI, mas igualou-se em 6 meses e manteve-se constante durante o seguimento de 5 anos.
Dr. Omar Tupayachi.
Membro do Conselho Editorial da SOLACI.org.
Título original: Quality of Life 5 Years Following Transfemoral TAVR or SAVR in Intermediate Risk Patients.
Referência: Kleiman NS, Van Mieghem NM, Reardon MJ, Gada H, Mumtaz M, Olsen PS, Heiser J, Merhi W, Chetcuti S, Deeb GM, Chawla A, Kiaii B, Teefy P, Chu MWA, Yakubov SJ, Windecker S, Althouse AD, Baron SJ. Quality of Life 5 Years Following Transfemoral TAVR or SAVR in Intermediate Risk Patients. JACC Cardiovasc Interv. 2024 Apr 22;17(8):979-988. doi: 10.1016/j.jcin.2024.02.014. PMID: 38658126.
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