A falha estrutural das biopróteses mitrais relacionadas com a deterioração das mesmas representa, na atualidade, um desafio significativo. Embora se considere razoável a opção “valve in valve” mitral em pacientes de alto risco, a informação disponível é limitada e não está claro qual é a melhor estratégia para o grupo de risco intermediário.
O PARTENR 3 MViV é um estudo prospectivo multicêntrico que incluiu 50 pacientes de risco intermediário com falha ou disfunção de próteses biológicas em posição mitral.
O desfecho primário (DP) foi uma combinação de mortalidade por qualquer causa ou AVC em um ano.
Á idade média dos pacientes foi de 70 anos e 27 deles eram mulheres. O STS de mortalidade foi de 4,1%. No que se refere a comorbidades, 9 pacientes tinham diabetes, 3 tinham sofrido um infarto prévio, 1 tinha antecedentes de AVC, 16 padeciam de doença coronariana, 26 apresentavam fibrilação atrial, 7 DPOC, 22 tinham pressão sistólica elevada na artéria pulmonar, 10 tinham sido submetidos a cirurgia de revascularização coronariana (CRM), 3 a angioplastia coronariana transluminal percutânea (ATC), 6 a intervenção na valva aórtica e 4 tinham um marca-passo.
O tempo médio desde a cirurgia foi de 11 anos. A causa da falha da bioprótese foi a estenose em 23 pacientes, insuficiência em 17 e mista no restante.
A área valvar média foi de 0,9 cm², o gradiente médio foi de 12,3 mmHg e a velocidade indexada foi de 4,8. Além disso, 17 pacientes apresentavam insuficiência mitral moderada ou maior.
Os procedimentos foram levados a cabo mediante punção transeptal, com a utilização de válvulas SAPIEN 3 (26 mm ou 29 mm). O sucesso técnico foi alcançado em 49 pacientes.
Em um ano de seguimento nenhum paciente apresentou o DP nem complicações como infarto, endocardite ou necessidade de reintervenção valvar. Dois pacientes requereram a implantação de um marca-passo e outros dois foram hospitalizados por insuficiência cardíaca. Por outro lado, detectaram-se dois casos de trombose valvar sintomática, os quais foram resolvidos com anticoagulação.
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No eco-Doppler realizado 12 meses após a intervenção, não se encontrou regurgitação paravalvar nem insuficiência mitral moderada ou maior. O gradiente médio foi de 3,1 mmHg e a velocidade indexada foi de 3,1.
Observou-se, ademais, uma melhora na classe funcional, na qualidade de vide e no teste da caminhada de seis minutos em comparação com as condições prévias ao procedimento.
Conclusão
O “valve-in-valve” mitral com válvulas balão-expansíveis por via transeptal em pacientes com risco intermediário se associou a uma melhora nos sintomas e na qualidade de vida, com um bom desempenho da válvula transcateter e sem mortalidade ou AVC em um ano de seguimento.
Título Original: One-Year Outcomes of Transseptal Mitral Valve-in-Valve in Intermediate Surgical Risk Patients.
Referência: S. Chris Malaisrie, et al. Circ Cardiovasc Interv. 2024;17:e013782. DOI: 10.1161/CIRCINTERVENTIONS.123.013782.
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