A isquemia arterial aguda nos membros inferiores (ALI) é uma emergência vascular com alta taxa de mortalidade. A ALI é definida como uma oclusão súbita na perfusão da extremidade, o que compromete sua viabilidade. Sua causa mais frequente é o tromboembolismo, seguido da trombose in situ. Embora tenha havido uma redução da incidência da ALI nos últimos anos, os números ainda são elevados, afetando aproximadamente 1,5 por cada 10.000 pessoas.
Essa doença se associa a um maior risco de eventos cardíacos graves, bem como amputação e morte, o que incentivou o avanço das técnicas de revascularização, observando-se um incremento de mais de 100% de revascularização endovascular desde 2003 até 2011. A evidência sugere que a intervenção endovascular está associada a menores taxas de complicações sem aumentar o risco de amputação quando comparada com a intervenção cirúrgica.
Objetivo do Estudo
O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados do tratamento endovascular da ALI em um registro multicêntrico, além de identificar fatores de risco de morte e amputação após o tratamento percutâneo.
Desfechos
O desfecho primário (DP) foi um evento combinado de morte e amputação não planejada durante a hospitalização, ao passo que o desfecho secundário (DS) correspondeu a cada um dos componentes individuais do DP.
Resultados
Foram incluídos 3541 pacientes, com uma idade média de 66 anos, em sua maioria homens. No tocante ao DP, foram registradas 132 mortes (3,7%) e 77 amputações (2,2%) durante a hospitalização. Foram utilizados cateteres de trombólise em 27,7% (n = 981) dos casos e cateteres de trombectomia mecânica em 3,9% (n = 138). Os preditores independentes de morte ou amputação foram a doença pulmonar grave (OR: 1,72; IC 95%: 1,17-2,52), a classe IIb de Rutherford (OR: 2,44; IC 95%: 1,62-3,65), a doença renal terminal (OR: 3,94; IC 95%: 0,73-0,85) e os níveis de hemoglobina prévios ao procedimento (OR: 0,78; IC 95%: 0,73-0,85). As principais complicações foram o sangramento dentro das primeiras 72 horas posteriores à intervenção (6,7%) e a trombose (2,8%).
Conclusão
Este estudo sobre o tratamento endovascular da ALI oferece informação valiosa sobre os fatores que influem nos resultados adversos nesse grupo de pacientes. Os preditores de eventos adversos estão principalmente associados às características do paciente, o que pode ser útil para a estratificação do risco e para o prognóstico. São necessários estudos futuros para identificar que pacientes podem ser mais beneficiados com o tratamento endovascular.
Título Original: Contemporary Practice Patterns and Outcomes of Endovascular Revascularization of Acute Limb Ischemia.
Referência: Matthew S. Herzig, MD et al JACC Cardiovasc Interv. 2024;17:2379–2390.
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