O acesso radial (TRA) se consolidou como o método mais seguro para as intervenções percutâneas, sendo respaldado por dados sólidos que o comparam favoravelmente com o acesso femoral, especialmente ao analisar complicações relacionadas com o acesso e a mortalidade. Graças a essas vantagens, o uso do acesso radial se estendeu a outros territórios não coronarianos, como o carotídeo e o periférico.
No entanto, o método radial não está livre de dificuldades, como o espasmo radial e a oclusão da artéria radial (RAO) após o procedimento, que ocorre em aproximadamente 9% dos casos. O acesso radial distal (DRA) evoluiu no sentido de deixar de ser uma opção para a recanalização da RAO a se tornar um acesso de escolha em procedimentos transradiais, com uma baixa taxa de oclusão graças a sua excelente rede anastomótica.
Objetivo: Estudo Comparativo da Oclusão da Artéria Radial entre Acesso Radial Distal e Tradicional
O objetivo deste estudo, denominado TENDERA (Traditional Entry Point vs Distal Puncture of Radial Artery), foi comparar as diferenças na incidência de RAO entre o DRA e o TRA em um acompanhamento de um ano. Os operadores do estudo deviam ter experiência em ao menos 100 procedimentos de DRA para serem incluídos.
Foram recrutados pacientes de sete centros clínicos da Rússia, com síndromes coronarianas agudas (SCA) ou crônicas (excluindo STEMI). Foram excluídos aqueles pacientes com histórico de intervenções prévias na artéria radial, coagulopatias ou um diâmetro radial ≤ 1,5 mm. Para os procedimentos coronarianos, foram empregados introdutores (Terumo, Merit ou Lepu Medical) de até 16 cm de comprimento, e o acesso foi avaliado mediante ultrassom antes do procedimento.
O desfecho primário (DP) do estudo foi a presença de RAO avaliada mediante Doppler. Além disso, foi medida a perviedade radial às 24 horas e a 1, 6 e 12 meses pós-procedimento. Entre os desfechos secundários foram incluídos o tempo de punção, o tempo para obter acesso, a dose de radiação (Kerma), o sangramento maior e outras complicações relacionadas com o acesso, como hematomas, síndrome compartimental, pseudoaneurismas ou fístulas.
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Em total, foram incluídos 795 pacientas com uma idade média de 63 anos, dentre os quais 66% eram homens. A circunferência média do pulso foi de 19,1 ± 2 cm, e 14% dos casos correspondiam a apresentações clínicas de SCA. O diâmetro médio da artéria radial foi de 2,6 mm no acesso convencional e de 2,27 mm no distal. Os introdutores utilizados foram majoritariamente de 6Fr (82,1%).
Resultados
Os resultados mostraram uma incidência de RAO de 6,7% no acesso radial convencional vs. 2,5% no distal (RR: 2,59 [IC 95%: 1,29–5,59], p = 0,010). Foram relatadas anomalias vasculares em 10,8% dos casos, sendo o loop radial a mais comum (6,2%). A incidência de espasmos radiais foi similar entre os dois grupos (23,9% em TRA vs. 23,6% em DRA). No entanto, o grupo DRA apresentou uma maior taxa de falhas no acesso (4,6% vs. 1%; p = 0,013).
Os preditores independentes de RAO incluíram o acesso radial tradicional (OR = 2,59 [IC 95%: 1,29–5,59]; p = 0,01), um índice radial/introdutor < 1,1:1 (OR = 0,21 [IC 95%: 0,04–0,92]; p = 0,048) e o sexo feminino (OR = 3,94 [IC 95%: 1,82–8,86]; p < 0,001).
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Não foram observadas diferenças significativas no que se refere ao tempo total do procedimento (20 min [IQR: 8,0–35,0] vs. 20 min [IQR: 10,0–35,0]; p = 0,315) nem no tocante à radiação empregada (996,9 mGy [IQR: 554,1–1839,1] vs. 924,5 mGy [IQR: 493,1–1709,5]; p = 0,238). O TRA teve uma maior incidência de hematomas (27,0% vs. 9,0%, p < 0,001), ao passo que somente um paciente apresentou pseudoaneurisma.
Conclusões
O estudo TENDERA demostrou que, mediante um manejo protocolizado, o acesso radial distal apresentou uma incidência significativamente menor de oclusão radial, tanto no período agudo (trombose) quanto no tardio (má remodelagem vascular).
Referência: Babunashvili AM, Pancholy S, Zulkarnaev AB, Kaledin AL, Kochanov IN, Korotkih AV, Kartashov DS, Babunashvili MA. Traditional Versus Distal Radial Access for Coronary Diagnostic and Revascularization Procedures: Final Results of the TENDERA Multicenter, Randomized Controlled Study. Catheter Cardiovasc Interv. 2024 Dec;104(7):1396-1405. doi: 10.1002/ccd.31271. Epub 2024 Oct 30. PMID: 39474765; PMCID: PMC11667409.
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