O IVUS melhora os resultados em lesões longas com Stent Farmacológico (DES)

Título original: Randomized Comparison of Clinical Outcomes between Intravascular Ultrasound and Angiography-Guided Drug-Eluting Stent Implantation for Long Coronary Artery Stenosis. Referência: Jung-Sun Kim et al. J Am Coll Cardiol Intv 2013. Article in press.

Tratar lesões longas é dificultoso e a probabilidade de trombose pode ser maior neste tipo de lesões.  O ultrassom intravascular coronário (IVUS) pode ajudar neste contexto mas a informação que temos surge de estudos retrospectivos e não randomizados. Nenhum estudo clínico até agora, tinha avaliado a utilidade do IVUS em lesões longas tratadas com stents farmacológicos (DES). A população deste estudo surgiu do RESET (Real Safety and Efficacy of a 3-Month Dual Antiplatelet Therapy Following Zotarolimus-Eluting Stents Implantation). A população pré especificada com lesões longas (≥28 mm) randomizou-se à utilização de IVUS ou somente angiografia para guiar a angioplastia. O critério de avaliação primário foi uma combinação de morte cardíaca, infarto, trombose do stent ou revascularização do vaso alvo (TVR) em um ano.

Randomizaram-se um total de 543 pacientes (ptes) dos quais 269 ptes foram designados para a guia com IVUS e 274 ptes para a guia com angiografia somente. A pesar do tratamento designado, 13 ptes (4.8%) do ramo IVUS finalmente não o receberam e 41 ptes (15%) do ramo angiografia finalmente receberam IVUS. Na análise por intenção de tratamento, realizou-se pós dilatação mais frequentemente nos que o IVUS foi utilizado (54.6% vs 44.5%, p=0.03), no entanto o diâmetro mínimo pós intervenção não foi diferente entre ambos ramos. Em um ano de seguimento o critério de avaliação final combinado resultou menor nos que foi utilizado o IVUS embora não atingiu a significação estatística (4.5% vs 7.3%, p=0.16). Quando a análise é realizada por aquilo que realmente se utilizou e não pela intenção de tratamento, a diferença no critério de avaliação combinado faz-se significativa (4% vs 8.1%, p=0.048).

Conclusão: 

A estratégia de rotina com IVUS na análise por intenção de tratamento não melhorou o critério de avaliação combinado em um ano. Quando a decisão de utilizá-lo passa pelo operador, sim melhora os resultados, embora estes dados devem ser confirmados.

Comentário editorial: 

O crossover observado impede tirar conclusões definitivas embora também suma-se o fato de que não estava protocolizado o que fazer com a informação obtida do IVUS (a pós dilatação ficou a critério do operador). Também é uma limitação que não fosse obrigatório avaliar com IVUS a artéria, antes da angioplastia senão apenas logo do implante do stent, de fato, só a metade dos que receberam IVUS foram avaliados previamente, o que pode ter desperdiçado muita informação potencialmente útil (por exemplo a medida ideal do stent). Finalmente, o seguimento só de um ano e a amostra insuficiente (dado que os eventos no ramo angiografia foram menores do esperado) fazem com que a pregunta continue em aberto. Provavelmente o IVUS sim seja útil mas quando é utilizado por operadores que estão habituados e sabem interpretar a informação para mudas a estratégia se surgirem diferenças com a angiografia.

SOLACI.ORG

Mais artigos deste autor

É realmente necessário monitorar todos os pacientes após o TAVI?

Os distúrbios de condução (DC) posteriores ao implante percutâneo da valva aórtica (TAVI) constituem uma complicação frequente e podem incidir na necessidade de um...

Doença de tronco da coronária esquerda: ATC guiada por imagens intravasculares vs. cirurgia de revascularização miocárdica

Múltiplos ensaios clínicos randomizados demonstraram resultados superiores da cirurgia de revascularização coronariana (CABG) em comparação com a intervenção coronariana percutânea (ATC) em pacientes com...

Valvoplastia aórtica radial: vale a pena ser minimalista?

A valvoplastia aórtica com balão (BAV) foi historicamente empregada como estratégia de “ponte”, ferramenta de avaliação ou inclusive tratamento paliativo em pacientes com estenose...

AHA 2025 | TUXEDO-2: manejo antiagregante pós-PCI em pacientes diabéticos multivaso — ticagrelor ou prasugrel?

A escolha do inibidor P2Y12 ótimo em pacientes diabéticos com doença multivaso submetidos a intervenção coronariana percutânea (PCI) se impõe como um desafio clínico...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...