Filtro na veia cava profiláctico em pacientes poli traumatizados, efetivo em reduzir o risco de tromboembolismo pulmonar.

Título original: The effectiveness of prophylactic inferior vena cava filters in trauma patients: a systematic review and meta-analysis. Referência: Haut ER et al. JAMA Surg. 2014;149:194-202.

O trauma é um dos fatores de risco mais importantes para o tromboembolismo pulmonar (TEP). Os guias atuais recomendam a administração de heparinas de baixo peso molecular que têm demonstrado eficácia, no entanto, frequentemente o paciente traumatizado apresenta também alto risco de sangramento. A opinião dos especialista está divida quanto ao papel do implante profiláctico de um filtro na veia cava para prevenir um eventual tromboembolismo. 

Esta meta análise incluiu todos os estudos que compararam a efetividade do implante profiláctico de um filtro na veia cava em pacientes traumatizados vs a terapia padrão (dispositivos de compressão venosa mais heparina de baixo peso molecular subcutânea). 

No total foram incluídos 8 estudos controlados com um total de 1064 pacientes (n = 334 com filtro e n=730 com terapia padrão) que analisaram a taxa de TEP fatal e não fatal e a mortalidade por qualquer causa. 

A evidência mostrou uma consistente redução na taxa global de TEP (RR, 0.20, IC 95% 0.06 a 0.70) do mesmo modo que de TEP fatal (RR 0.09, IC 95% 0.01 a 0.81) sem ser observada uma heterogeneidade significativa entre os diferentes estudos. 

Não foram observadas diferenças no risco de trombose venosa profunda (RR 1.76, IC 95% 0.5 a 6.19) ou morte de qualquer causa (RR 0.7, IC 95% 0.4 a 1.23). 

Conclusão 

Embora a evidência apenas atinge a significância estadística, suporta a associação entre o implante de filtro na veia cava e uma menor incidência de tromboembolismo pulmonar em pacientes traumatizados. 

Comentário editorial 

Assumindo um risco basal de TEP em um paciente traumatizado de aproximadamente 1.15%, o número necessário a tratar (NNT) para prevenir um TEP adicional implantando um filtro na veia cava é de 109 y para prevenir um TEP fatal de 1099. Isto nos sugere que é necessário um trabalho especificamente desenhado para poder diferenciar aos pacientes que mais possam ser beneficiados. 

SOLACI.ORG

Mais artigos deste autor

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Impacto da Pressão Arterial Sistólica Basal nas Alterações Pressóricas após a Denervação Renal

A denervação renal (RDN) é uma terapia recomendada pelas diretrizes para reduzir a pressão arterial em pacientes com hipertensão não controlada, embora ainda existam...

Hipertrigliceridemia como fator-chave no desenvolvimento do aneurisma de aorta abdominal: evidência genética e experimental

O aneurisma de aorta abdominal (AAA) é uma patologia vascular de alta mortalidade, sem opções farmacológicas efetivas e com um risco de ruptura que...

Fibrilação Atrial e Doença Renal Crônica: Resultados de Diferentes Estratégias de Prevenção de Acidente Vascular Cerebral

A fibrilação atrial (FA) afeta aproximadamente 1 em cada 4 pacientes com doença renal terminal (DRT). Essa população apresenta uma alta carga de comorbidades...

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

Artigos Relacionados

Congressos SOLACIspot_img

Artigos Recentes

Assista novamente: Embolia Pulmonar em 2025 — Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas

Já está disponível para assistir o nosso webinar “Embolia Pulmonar em 2025: Estratificação de Risco e Novas Abordagens Terapêuticas”, realizado no dia 25 de...

Um novo paradigma na estenose carotídea assintomática? Resultados unificados do ensaio CREST-2

A estenose carotídea severa assintomática continua sendo um tema de debate diante da otimização do tratamento médico intensivo (TMO) e a disponibilidade de técnicas...

Remodelamento cardíaco após a oclusão percutânea da CIA: imediato ou progressivo?

A comunicação interatrial (CIA) é uma cardiopatia congênita frequente que gera um shunt esquerda-direita, com sobrecarga de cavidades direitas e risco de hipertensão pulmonar...