Título original: Beta-blocker use is associated with coger stroke and death after carotid artery stenting. Referência: Tammman Obeid, et al. J Vasc. Surg. 2016;63:363-9.
Gentileza do Dr. Carlos Fava.
A angioplastia carotídea (CAS) demonstrou nas últimas análises uma significativa melhoria em seus resultados. A utilização de drogas como os betabloqueadores (BB) mostrou certo benefício em alguns estudos embora isto não esteja completamente esclarecido.
Foram analisados 5.263 pacientes nos quais foi realizada angioplastia carotídea e dos quais 2.152 (40%) nunca tinham recebido BB, 259 (4%) os receberam entre 1 e 30 dias prévios à angioplastia e 2.837 (53,9%) vinham recebendo BB > 30 dias prévios ao procedimento.
Os grupos foram similares, a idade média foi de 68 anos e a havia uma maioria de homens.
A 30 dias, a taxa de morte e AVC foi de 3,4% (AVC < 1,5%, AVC < 0,9% e morte 1,2%) e nenhum paciente apresentou infarto agudo do miocárdio. Os 40% que apresentaram AVC maior faleceu dentro dos 30 dias posteriores ao evento.
22% dos pacientes apresentou hipotensão depois do procedimento e isto não esteve relacionado com o uso de BB. Ao contrário, a hipertensão que requereu tratamento foi de 9,9%, tendo sido frequente nos pacientes que receberam BB entre o dia 1 e 30, e esse foto foi relacionado com um aumento de 3,4 vezes na incidência de AVC/morte (OR 3,39; IC 95% 2,3-5,00; p < 0,0001). O AVC hemorrágico foi de 0,5% e a hipertensão pós-angioplastia o aumentou em 8 vezes.
A utilização de BB mais de 30 dias prévios ao procedimento se associou a uma redução de 34% de AVC/morte (OR 0,66; IC 95% 0,46-0,95; p<0,025).
Outros preditores de AVC e morte foram a idade, diabetes, o fato de a lesão ser sintomática e a hipotensão pós CAS, enquanto que a endarterectomia prévia e o uso de sistemas de proteção foram protetores.
Conclusão
A hipertensão e a hipotensão que requerem tratamento se associam fortemente a AVC e morte após a angioplastia carotídea. Os betabloqueadores reduzem significativamente o AVC e a morte periprocedimento. Mais investigações deveriam ser feitas de forma prospectiva para avaliar o potencial destas drogas durante a angioplastia carotídea.
Comentário editorial
Este é um estudo retrospectivo mas com um número importante de pacientes e revela-nos que com uma conduta simples e de baixo custo obtemos um grande benefício em eventos duros.
Além disso, a experiência do operador e um rigoroso controle hemodinâmico são fundamentais para obter melhores resultados. É necessário realizar um estudo randomizado para determinar quem se beneficia mais com a utilização dos BB.
Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Cardiologista Intervencionista
Fundación Favaloro – Buenos Aires