A recanalização bem-sucedida de oclusões totais não melhora a sobrevida a longo prazo

Título original: Successful Recanalization of Native Coronary Chronic Total Occlusion Is Not Associated With Improved Long-Term Survival.
Referência: Pil Hyung Lee et al. J Am Coll Cardiol Intv. 2016. Online before print.

 

O objetivo deste trabalho foi avaliar os resultados clínicos a longo prazo após uma recanalização bem-sucedida de uma oclusão total crônica com implante de stents farmacológicos.

Entre março de 2003 e maio de 2014 foram incluídos 1.173 pacientes consecutivos com oclusão total crônica de um vaso coronário nativo que receberam angioplastia. Em todos os procedimentos bem-sucedidos (1.004 pacientes, 85,6%) foram utilizados stents farmacológicos.

Em um seguimento médio de 4,6 anos, o risco de mortalidade por qualquer causa (HR: 1,04; IC 95% 0,53 a 2,04; p = 0,92) e o risco combinado de morte e infarto (HR: 1,05 IC 95% 0,56 a 1,94; p = 0,89) foram comparáveis entre os pacientes nos quais a recanalização foi bem-sucedida e naqueles nos quais a recanalização fracassou.

Também não se observou diferença entre aqueles pacientes com doença de outros vasos além do que estava totalmente ocluído (n = 879) e que receberam revascularização completa vs. aqueles com revascularização incompleta por fracasso da recanalização.

Estes achados foram consistentes entre pacientes com doença de múltiplos vasos e também entre os que tinham somente o vaso ocluído afetado.

Conclusão
A recanalização bem-sucedida de uma oclusão total crônica comparada ao fracasso não se associou a uma diminuição de eventos duros como mortalidade. Por outro lado, o sucesso da recanalização se associou a uma significativa menor chance de cirurgia de revascularização miocárdica posterior.

Comentário editorial
A dispersão na estratégia de tratamento para os vasos com doença severa mas não ocluídos, a alta taxa de cirurgia naqueles pacientes em que a recanalização falhou e a alta taxa de sucesso com muito poucas complicações graves contribuíram para o resultado neutro deste estudo. O verdadeiro efeito prognóstico das recanalizações tem que ser definido entre uma angioplastia bem-sucedida vs. tratamento médico ótimo.

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