Diferir o tratamento com angioplastia de lesões que não geram isquemia por fluxo fracionado de reserva (FFR) se associa a um excelente prognóstico de longo prazo em pacientes com cardiopatia isquêmica crônica.
O FFR está começando a ser utilizado para orientar na tomada de decisões clínicas em pacientes com síndromes coronárias agudas e o efeito de longo prazo disto não está estabelecido para os pacientes crônicos estáveis.
Este trabalho procura responder aos questionamentos sobre a segurança de diferir lesões não significativas por FFR no contexto de síndromes coronárias agudas. Para isso, foram avaliados 206 pacientes consecutivos com 262 lesões intermediárias que foram admitidos cursando uma síndrome coronária aguda e 370 pacientes com 528 lesões intermediárias que foram admitidos com angina crônica e estável nos quais a angioplastia foi diferida com base em um FFR sem evidências de isquemia miocárdica (> 0,75).
O desfecho primário foi uma combinação de infarto agudo do miocárdio e fracasso do vaso alvo (eventos cardiovasculares maiores).
Na coorte de longo prazo completa (3,4 ± 1,6 anos) observou-se uma taxa maior de eventos combinados no grupo que foi admitido cursando uma síndrome coronária aguda comparando-se com o grupo crônico e estável (23% vs. 11%, p < 0,0001).
Após fazer uma análise com propensity score que deixou 200 pacientes selecionados em cada grupo observou-se que a taxa de eventos combinados é significativamente maior para aqueles que foram admitidos cursando uma síndrome coronária aguda (25% vs. 12%; p < 0,0001).
Os pacientes com síndrome coronária aguda têm 2,8 vezes mais riscos que os pacientes estáveis (IC 95%: 1,9 a 4,0; p < 0,0001).
Tanto na coorte selecionada com na análise crua e para todas as categorias de FFR, os pacientes que foram admitidos cursando uma síndrome coronária aguda tiveram mais infartos e revascularização do vaso alvo que os pacientes estáveis (p < 0,05).
O maior ponto de corte para FFR neste trabalho foi < 0,84 para os pacientes com síndromes coronárias agudas (MACE 21% VS. 36%; p = 0,007) e < 0,81 para os estáveis (MACE 17% vs. 0%; p = 0,01)
Conclusão
Diferir a angioplastia coronária sobre a base de um FFR não isquêmico em pacientes que são admitidos cursando uma síndrome coronária aguda associa-se significativamente a pior prognóstico comparando-se com os pacientes crônicos estáveis.
Este trabalho adverte sobre o risco de utilizar o FFR para tomar decisões clínicas em pacientes agudos.
Título original: Long-Term Prognosis of Deferred Acute Coronary Syndrome Lesions Based on Nonischemic Fractional Flow Reserve.
Referência: Abdul Hakeem et al. J Am Coll Cardiol. 2016;68(11):1181-1191.
Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.