Em 2006 as diretrizes da American Heart Association recomendaram que a revascularização carotídea devia ser feita dentro das duas semanas após ocorrido um AVC, baseando-se nos dados de dois estudos randomizados de endarterectomia carotídea.
O objetivo deste trabalho foi determinar se após a recomendação das diretrizes, o tempo entre o evento e a revascularização diminuiu e que proporção de pacientes recebem alguma revascularização (endarterectomia ou angioplastia) dentro dos 14 dias.
Foram identificados todos os pacientes admitidos cursando um AVC isquêmico e que tenham recebido endarterectomia carotídea ou angioplastia carotídea dentro dos 90 dias após o evento entre 2005 e 2013.
O objetivo primário do estudo foi determinar o número de dias transcorridos entre o AVC e a angioplastia ou a endarterectomia, e a proporção de pacientes revascularizados dentro dos 14 dias recomendados pelas diretrizes.
Identificaram-se 16.298 pacientes com um AVC isquêmico que foram submetidos a angioplastia ou cirurgia dentro dos 90 dias.
O tempo entre o AVC e a revascularização (qualquer das duas estratégias) diminuiu de 25 dias (intervalo de 5 a 48 dias) em 2005 a somente 6 dias (intervalo de 3 a 17 dias) em 2013 (p < 0,001).
A proporção de pacientes que receberam angioplastia ou endarterectomia dentro dos 14 dias após o evento aumentou de 40% em 2005 a 73% em 2013 (p < 0,001).
Essas mudanças temporais continuaram sendo significativas após o ajuste por variáveis demográficas e comorbidades.
Conclusão
Desde 2005, a revascularização carotídea mediante angioplastia ou endarterectomia foi sendo realizada progressivamente mais rapidamente após um AVC isquêmico.
Comentário editorial
Realizar a angioplastia ou a endarterectomia carotídea dentro dos 14 dias após um AVC tem aproximadamente 10% de risco de eventos periprocedimento, o que é entre o dobro e o triplo de risco que teria um paciente assintomático. Tal fato levou, com frequência, tanto hemodinamistas como cirurgiões a querer esperar pelo menos um mês. Contudo, esse risco deve ser assumido já que são evitados 150 novos AVC espontâneos por cada 1.000 pacientes tratados que, de outra maneira, ocorreriam na espera.
Parece estar claro o momento para intervir após um AVC. No entanto, ainda não há uma resposta definitiva sobre qual deve ser a estratégia de revascularização. Os cirurgiões sentem que podem realizar o procedimento com menor risco de AVC e que os infartos do miocárdio periprocedimento não são um problema real. Os hemodinamistas acreditam que a angioplastia é tão segura quanto a cirurgia e que, eventualmente, o excesso de AVC é à custa de AVC menores apenas.
Finalmente, muitos neurologistas acreditam que ambas as estratégias trazem muito risco consigo e confiam em esperar e medicar.
Título original: Timing of Carotid Revascularization Procedures After Ischemic Stroke.
Referência: Michael Reznik et al. Stroke. 2016 Dec 6. Epub ahead of print.
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