Gentileza do Dr. Guillermo Migliaro.
A angiografia e a angioplastia coronariana realizadas pela via radial estão associadas a uma redução significativa das complicações no lugar de acesso em comparação com a via femoral ou a via braquial. Mais ainda: foi demonstrada uma redução significativa na mortalidade nos procedimentos realizados por via radial em comparação com a via femoral na angioplastia primária.
Existe limitado número de estudos que compram o acesso radial direito (ARD) com o acesso radial esquerdo (ARE). Embora o ARD seja o preferido pela maioria dos operadores, o mesmo apresenta algumas dificuldades, principalmente relacionadas com as tortuosidades no nível da artéria subclávia e alguns relatos sugerem maior incidência de AVC com o uso dessa via.
O ARE, apesar de apresentar um trajeto mais direto e similar à abordagem realizada por via femoral no que diz respeito à utilização de cateteres, representa maior incômodo pela interposição do membro esquerdo no nível do abdômen do paciente.
A presente metanálise inclui 12 estudos randomizados (5 deles diagnósticos e 7 terapêuticos) que comparam o ARD com o ARE em 6.450 pacientes. A média de idade e a porcentagem de pacientes do sexo masculino não mostraram diferenças entre os grupos.
Resultados
- A taxa de falha ou necessidade de crossover foi similar entre ambas as estratégias: 4,2% para o acesso radial direito e 4,1% para o acesso radial esquerdo (p = 0,68).
- A duração do procedimento foi similar em ambos os grupos: 18,8 ± 10,3 min vs. 18,1 ± 10 min, (p = 0,16).
- O acesso radial direito apresentou maior tempo de fluoroscopia: 5,8 ± 4,4 min vs. 5,3 ± 4,2 min (p < 0,001) e maior utilização de contraste, 84 ± 35 ml vs. 82 ± 34 ml (p = 0,003) comparado com o acesso radial esquerdo.
- Em uma análise de subgrupos, essas diferencias significativas só foram alcançadas nos estudos diagnósticos e desapareceram nos que incluíram estudos diagnósticos e terapêuticos.
- As complicações (0,6% para ambos os grupos) e a incidência de AVC (0,2% vs. 0.1%) não apresentaram diferenças significativas entre as duas estratégias. Foi observada maior incidência de tortuosidade na artéria subclávia do lado direito (12% vs. 5%; p < 0,0001).
Os autores concluem que o acesso radial esquerdo é tão seguro e efetivo quanto o acesso radial direito para realizar tanto procedimentos diagnósticos quanto terapêuticos com uma vantagem mínima a favor do acesso radial esquerdo em relação ao tempo de fluoroscopia e à quantidade de contraste (o último é aplicável somente para procedimentos diagnósticos).
Comentário Editorial
Esta é a primeira metanálise comparativa publicada até o momento que compara ambas as estratégias. A mesma não considera a experiência dos operadores em relação às vias de acesso, motivo pelo qual não podem ser descartados vieses nesse sentido (há estudos que favorecem a via radial esquerda em operadores menos treinados ou em formação). Não está claro qual poderia ser a relevância clínica do aumento do tempo de fluoroscopia sobre os pacientes e o operador, nem o aumento da quantidade de contraste para o paciente.
Gentileza do Dr. Guillermo Migliaro. Hospital Alemão, Buenos Aires, Argentina.
Título original: Comparison of Transradial Coronary Procedures via Right versus Left Radial Artery Approach: A Meta Analysis.
Referência: Shah R et al. Catheter and Cardiovascular Interventions 2016;88:1027-1033.
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