Os dados sobre como realizar uma dessensibilização à aspirina em pacientes com doença coronariana são limitados. O objetivo deste trabalho foi testar a segurança e eficácia de um protocolo rápido de dessensibilização em pacientes com hipersensibilidade à aspirina que tinham uma coronariografia programada.
O trabalho foi prospectivo, multicêntrico e observacional, realizado em sete centros italianos que incluíram pacientes com histórico de sensibilidade à aspirina no contexto de uma coronariografia e eventual angioplastia.
Em total foram incluídos 330 pacientes com as anteriores características e que tinham doença coronariana conhecida ou suspeita estável e também pacientes cursando uma síndrome coronariana aguda inclusive com supradesnivelamento do segmento ST.
Os eventos adversos que tinham apresentado previamente relacionados à aspirina incluíam:
- urticária (n=177, 53,6%),
- angioedema (n=69, 20,9%),
- asma (n=65, 19,7%),
- reação anafilática (n=19, 5,8%).
Dos pacientes que tinham apresentado urticária/angioedema, 13 tinham, ademais, histórico de urticária idiopática crônica.
A dessensibilização se realizou antes de o paciente entrar na sala de cateterismo com a exceção daqueles que se apresentaram cursando um infarto com supradesnivelamento do ST (n = 78, 23,6%), nos quais a dessensibilização se realizou após a angioplastia primária. Nesses últimos pacientes, o uso de inibidores da glicoproteína IIb/IIIa ficou a critério do operador.
Para a dessensibilização foram administradas seis doses sequenciais de aspirina (1, 5, 10, 20, 40 e 100 mg) de forma oral durante um período de 5,5 horas. A administração de aspirina foi imediatamente suspensa no caso de sinais de hipersensibilidade mucocutânea, respiratória ou sistêmica. Após a dessensibilização os pacientes continuaram com 100 mg de aspirina por dia. Em todos os casos eletivos, o uso de corticosteroides, anti-histamínicos ou antileucotrienos foi suspenso sete dias após a dessensibilização.
Do total, 71% (n = 235) finalmente requereu uma angioplastia coronariana. O protocolo de dessensibilização foi bem-sucedido em 315 pacientes (95,4%) e em todos aqueles que possuíam histórico de reação anafilática.
Os 15 pacientes (4,6%) que não responderam apresentaram apenas reações adversas menores que foram bem administradas com corticosteroides e anti-histamínicos.
80% continuou com aspirina por pelo menos 12 meses e todos os que suspenderam seu uso antes fizeram-no por indicação médica e não por efeitos adversos.
Conclusão
O protocolo de dessensibilização rápida foi seguro e efetivo em um amplo espectro de pacientes para além do tipo de reação à aspirina que tinham como antecedente.
Título original: Aspirin Desensitization in Patients With Coronary Artery Disease. Results of the Multicenter ADAPTED Registry (Aspirin Desensitization in Patients With Coronary Artery Disease).
Referência: Roberta Rossini et al. Circ Cardiovasc Interv. 2017 Feb;10(2).
Subscreva-se a nossa newsletter semanal
Receba resumos com os últimos artigos científicos
Sua opinião nos interessa. Pode deixar abaixo seu comentário, reflexão, pergunta ou o que desejar. Será mais que bem-vindo.