Apesar do desenvolvimento tecnológico, todos os profissionais que trabalham em uma sala de cateterismo estão inevitavelmente expostos à radiação e seus efeitos.
A dose de radiação recebida pelo operador é altamente variável de acordo com o tipo de procedimento, os equipamentos utilizados, sua experiência, as características do paciente, etc. A exposição à radiação dispersa pode ter efeitos determinísticos, como a aparição de catarata ou efeitos estocásticos com o conseguinte risco de tumores.
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A RADPAD (RADPAD 5100A-O; Worldwide Innovations & Technologies, Inc, Lenexa, KS) é uma tela estéril e descartável que se coloca sobre o paciente com o objetivo de minimizar a radiação dispersa. Este trabalho foi desenhado para determinar a eficácia do dispositivo de proteção que aqui nos ocupa em situações reais.
Foram analisados tanto procedimentos diagnósticos quanto terapêuticos, randomizados 1:1:1 a utilizar a tela (RADPAD), a não utilizá-la (NOPAD) ou a utilizar uma tela de iguais características no que se refere a tamanho, cor e peso, mas sem proteção contra a radiação (SHAMPAD). Os operadores foram cegos para o tipo de tela que utilizaram, da mesma forma que os que analisaram a dosimetria.
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O desfecho primário foi a diferença relativa de exposição do operador principal entre os grupos RADPAD e NOPAD.
Foram incluídos 766 procedimentos coronarianos consecutivos randomizados a RADPAD (N = 255), NOPAD (n = 255) ou SHAMPAD (n = 256).
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O uso do RADPAD se associou a 20% de redução relativa da exposição do operador principal em comparação com o grupo NOPAD (p = 0,01) e 44% de redução em comparação com o grupo SHAMPAD (P < 0,001).
Conclusão
Na prática clínica diária o uso padronizado da tela protetora RADPAD se associou a uma redução significativa da dose de radiação recebida pelo operador principal. O estudo respalda o uso rotineiro de ditas telas na sala de cateterismo.
Comentário editorial
De maneira imprevista, a dose recebida pelo operador foi significativamente maior no grupo SHAMPAD, que utilizou uma tela completamente idêntica à original mas sem proteção contra a radiação, que no grupo NOPAD, que não tinha a tela.
A hipótese para explicar dito fenômeno poderia ser que a presença da tela induz certa sensação de segurança no operador, que reduziria a tendência do mesmo de se manter a uma distância apropriada da fonte. Como um condutor que, sabendo que seu carro conta com airbags dirige a maior velocidade do que a que dirigiria em um carro mais “inseguro”.
Todas as medidas tomadas para reduzir a dose recebida pelo paciente e pela equipe de trabalho são válidas e se complementam entre si.
Título original: Efficacy of the RADPAD Protection Drape in Reducing Operators’ Radiation Exposure in the Catheterization Laboratory. A Sham-Controlled Randomized Trial.
Referência: Wieneke Vlastra et al. Circ Cardiovasc Interv. 2017;10:e006058.
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