Gentileza do Dr. Carlos Fava.
A atual recomendação para a substituição valvar aórtica está baseada nos critérios de severidade (área, gradiente, velocidade e área indexada), na presença de sintomas e na função ventricular e, também, na existência de comorbidades (principalmente para avaliar o risco). Entretanto, o dano ventricular e/ou seu efeito na hemodinâmica cardiovascular não são avaliados.
Uma análise do Estudo PARTNER 2 foi realizada de acordo com achados ultrassonográficos. Foi dividida em 5 fases:
- Fase 0: sem dano.
- Fase 1: dano ventricular por hipertrofia ventricular (IMVI > 115 para homens, > 95g/m2 para mulheres g/m2, E/e > 14, FEY < 50%).
- Fase 2: dano atrial esquerdo ou da valva mitral (volume indexado de AI > 34 ml/m2, IM moderada/severa ou presença de FA).
- Fase 3: dano da trama vascular pulmonar ou da valva tricúspide (PSAP ≥ 60 mmHg ou IT moderada/severa).
- Fase 4: dano do ventrículo direito (deterioração moderada/severa).
A fase 0 ocorreu em 47 pacientes (2,8%), a fase 1 em 212 (12,8%), a fase 2 em 844 (50,4%), a fase 3 em 413 (24,9%) e a fase 4 em 145 (8,7%).
Leia também: “Sangramento e mortalidade no implante percutâneo da valva aórtica”.
Os pacientes que experimentaram fases mais avançadas apresentavam mais idade, maior BMI, STS e EuroSCORE mais alto, maior frequência de diabete, IAM prévio, CRM e DPOC.
Na evolução após um ano, a mortalidade global e cardíaca foi maior, em decorrência do maior dano de miocárdio (fase 0: 4,4%; fase 1: 9,2%; fase 2: 14,3%; fase 3: 21,3% e fase 4: 24,5% (ptrend =< 0,001).
Leia também: “SOLACI CACI 2017 | Role of embolic protection during Transcatheter Aortic valve replacement”.
A extensão do dano cardíaco se associou de forma independente à maior mortalidade depois do TAVI com um incremento de 1,45 por cada aumento na fase do dano de miocárdio.
Conclusão
A descrição desta nova classificação do dano de miocárdio associado à estenose aórtica tem sua consequência na evolução posterior do TAVI.
Comentário
Embora as atuais formas de avaliar o risco e as comorbidades tenham demonstrado ser úteis, sempre tiveram alguns “hiatos” ou uma falta de coincidência entre o risco e a impressão clínica na hora de decidir a estratégia.
Talvez esta nova classificação ajude a trazer um pouco mais de luz a esta questão. É provável que se a integrarmos às já existentes, elas permitam melhorar os escores de risco obtendo, ainda, informação prognóstica no seguimento.
Gentileza do Dr. Carlos Fava.
Título original: Staging classification of aortic stenosis base on the extent of cardiac damage.
Referência: Philippe Généreux, et al. European Society of Cardiology 2017;38:3351-2258.
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